São Paulo, quarta-feira, 20 de setembro de 2006

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ELEIÇÕES 2006 / CRISE DO DOSSIÊ

Lula criou política do "mensalama", diz tucano

Em campanha no Rio, tucano vê "com cuidado" atuação da Polícia Federal no caso do dossiê

Presidenciável tucano diz que escândalo do governo petista é como "um balaio de caranguejos': "Você puxa um e vem o time inteiro"


SERGIO TORRES
DA SUCURSAL DO RIO

Em campanha no Rio, o candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, acusou ontem o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de ter criado o que chamou de "mensalama". Alckmin comparou o governo a "um balaio de caranguejos".
"A política agora é o "mensalama". Parece um balaio de caranguejos. Você puxa um e vem o time inteiro", disse. O presidenciável diz achar "muito triste que o Brasil tenha um presidente que não sabe de nada, não ouve nada e tem assessor ligado ao crime".
Em entrevista ao apresentador Roberto Canázio, da Rádio Tupi AM, o ex-governador do Estado de São Paulo atacou Lula: ""Governo que é Jader Barbalho [deputado federal pelo PMDB-PA] e Ney Suassuna [senador pelo PMDB-PB] não pode dar certo. Está cercado de um submundo da política terrível", declarou.
Depois, Alckmin percorreu os municípios de São João de Meriti, Nova Iguaçu e Duque de Caxias, na Baixada Fluminense (região metropolitana). Ele afirmou que o dinheiro apreendido para a compra do dossiê é roubado e que a quantia pode ter como origem "o crime organizado". Disse que nos dois governos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) "pode ter havido corrupção". "Nenhum governo está isento disso, mas nunca houve antes uma corrupção sistêmica [como agora]", disse.
Sobre a investigação do caso pela Polícia Federal, Alckmin disse que é preciso "ter cuidado". "A PF tem ótima qualidade. Agora, com o governo a gente precisa ter cuidado. É um governo autoritário. Aliás, todo governo que tem corrupção é autoritário porque tem que esconder o corruptor. Então, é muito importante que o Judiciário e o TSE acompanhem esse processo", disse.

Mentor
A cúpula tucana e o comando da campanha de Alckmin vinculam a compra do dossiê dos Vedoin a um plano articulado pelo ex-ministro da Casa Civil José Dirceu com a anuência do presidente Lula.
Por meio de sua assessoria, Dirceu disse considerar a suspeita "absurda". Disse que "é público e notório" que está "totalmente afastado" da política, "cuidando da vida", e não participa da campanha eleitoral.
O dilema de PSDB e PFL era como expor para a população, de forma clara, o que consideram uma certeza. Esse argumento chegou a ser citado por Alckmin em um dos muitos telefonemas que trocou ontem no Rio. O candidato sustentava concordar com a necessidade de dar declarações duras contra Lula e o PT nas entrevistas, mas não via ainda como relacionar Dirceu mais diretamente.
Alckmin decidiu esperar os desdobramentos do dia antes de vir a público falar sobre o suposto envolvimento do ex-ministro da Casa Civil.


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