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São Paulo, segunda-feira, 20 de outubro de 2003

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TERCEIRO SETOR

Hoje, 1.524 entidades estão cadastradas no Ministério da Justiça e têm acesso mais fácil aos recursos públicos

ONGs temem ser cerceadas pelo governo

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Há uma guerra nos bastidores das relações do governo com o chamado terceiro setor. Brasília tenta estabelecer maior controle sobre as entidades que se beneficiam de recursos públicos. As ONGs, representadas pela Abong (Associação Brasileira das Organizações Não-Governamentais), vêem aí uma tentativa de cerceamento de sua atividade.
Um dos pivôs dessa guerra atende pelo nome de Oscip (Organização da Sociedade Civil de Interesse Público), um tipo de entidade sem fins lucrativos criada no segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso. As ONGs ligadas à entidade estão sujeitas a cadastro no Ministério da Justiça e a uma administração teoricamente mais transparente.
Em 2003, o número de Oscips explodiu. Segundo o Ministério da Justiça, 1.052 pedidos de reconhecimento foram apresentados desde a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Parte já foi aprovada. Hoje, há 1.524 entidades qualificadas para atuarem como Oscips, que teriam maior acesso a recursos -coisa que o ministério não acompanha.
Para Jorge Durão, diretor da Abong (Associação Brasileira de Organizações Não Governamentais), as Oscips podem ser um subterfúgio para terceirizar (repassar à iniciativa privada) atividades que caberiam ao Estado: "O que está em jogo não são as ONGs, mas o Estado, o problema é a visão privatizante do Estado".
As relações entre o Estado e o chamado terceiro setor serão objeto de um grupo de trabalho criado recentemente na Secretaria Geral da Presidência.
Pelo menos um órgão da administração pública já fez sua opção: a Funasa, cujas atividades nas áreas indígenas são todas executadas por ONGs. A partir de 2004, a prioridade será as Oscips. "Enquanto, para o cumprimento de um convênio [firmado com as ONGs], é importante que se comprove se houve ou não a construção de um posto de saúde, para o termo de parceria [a ser firmado com as Oscips], vai interessar saber se houve ou não queda nos índices de mortalidade", diz Ricardo Chagas, do Departamento de Saúde Indígena da Funasa.


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