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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/GUERRA PARTIDÁRIA
PT diz que tucanos temem que investigações cheguem à compra de votos da reeleição de FHC
Lula comandou "farsa" sobre caixa 2, acusam PSDB e PFL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
No dia em que o ex-tesoureiro
de uma campanha tucana prestou
depoimento na CPI dos Correios,
o PSDB divulgou nota, juntamente com o PFL, denunciando a suposta montagem de uma "farsa"
comandada pelo presidente Luiz
Inácio Lula da Silva para reduzir
as acusações de corrupção, desvio
de recursos públicos e compra de
votos apenas ao uso de caixa dois.
"É o esquema de corrupção, de
assalto aos cofres públicos, que o
PT transplantou de prefeituras
que comandava, como as de Ribeirão Preto e de Santo André
-que, por sinal, assombra e atemoriza o governo Lula pelo desdobramento das investigações
que o Ministério Público conduz
em torno do assassinato do prefeito Celso Daniel", diz a nota.
Os tucanos subiram o tom devido à convocação de Cláudio Mourão, tesoureiro de Eduardo Azeredo, atual presidente do partido,
na campanha ao governo de Minas em 1998. Eles também estão
irritados com os ataques feitos pelo presidente Lula e seus ministros, além do presidente eleito do
PT, Ricardo Berzoini.
Quando esteve na CPI, Azeredo
admitiu a existência de caixa dois
em sua campanha à reeleição ao
governo de Minas, mas disse que
Mourão agiu sem consultá-lo. A
fonte dos recursos seriam empresas de Marcos Valério de Souza.
"O bloco parlamentar PFL/
PSDB denuncia à nação a montagem da farsa comandada pelo
presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por seu coordenador político,
ministro Jaques Wagner, pelo PT
e seus dirigentes para reduzir o escandaloso esquema de corrupção
sistêmica descoberto no governo
e no partido à simples arrecadação de recursos para campanha
eleitoral, o que seria, no entender
deles todos, prática corrente e,
portanto, justificável", diz a nota.
Apesar de tentar dissociar o caso de Azeredo do escândalo do
"mensalão", o PSDB e o PFL condenaram a prática de caixa dois.
Eles também criticaram o presidente Lula por ter minimizado o
fato de o PT não ter declarado recursos utilizados em campanhas
eleitorais. Segundo o presidente
disse em uma viagem a Paris em
julho, o PT fez o que todos os partidos fazem.
Resposta
O presidente do PT, Tarso Genro, rebateu a nota afirmando que
a oposição externa o "temor" de
que as investigações se aprofundem e cheguem na origem dos recursos da compra de votos para a
reeleição do presidente Fernando
Henrique Cardoso (1995-2002).
Tarso chamou tucanos e pefelistas de "moralistas de última hora"
e negou que o PT queira limitar as
investigações. "O PT não só quer
assumir suas responsabilidades e
pagar pelos seus erros, mas quer
também limpar todo o país", disse Tarso. As declarações foram repassadas pela assessoria de imprensa do partido.
Ainda de acordo com ele, "a
corrupção sistêmica adquiriu seu
ponto mais alto, na história do
país, nos últimos dez anos, nos
governos Fernando Collor de Mello [1990-1992] e Fernando Henrique Cardoso".
Integrante da CPI dos Correios,
a senadora Ideli Salvatti (PT-SC)
disse que seu objetivo é investigar
"tudo e todos". "Não quero entrar
neste debate de que há ilegalidades que devem ser investigadas e
outras não. Ou se corrupção tem
prazo de validade. Estou na CPI
para investigar tudo e todos."
Comunicada sobre o teor da nota, a assessoria de imprensa do
Palácio do Planalto não havia se
pronunciado até a conclusão desta edição.
(FERNANDA KRAKOVICS)
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