São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/GUERRA PARTIDÁRIA

PT diz que tucanos temem que investigações cheguem à compra de votos da reeleição de FHC

Lula comandou "farsa" sobre caixa 2, acusam PSDB e PFL

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No dia em que o ex-tesoureiro de uma campanha tucana prestou depoimento na CPI dos Correios, o PSDB divulgou nota, juntamente com o PFL, denunciando a suposta montagem de uma "farsa" comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva para reduzir as acusações de corrupção, desvio de recursos públicos e compra de votos apenas ao uso de caixa dois.
"É o esquema de corrupção, de assalto aos cofres públicos, que o PT transplantou de prefeituras que comandava, como as de Ribeirão Preto e de Santo André -que, por sinal, assombra e atemoriza o governo Lula pelo desdobramento das investigações que o Ministério Público conduz em torno do assassinato do prefeito Celso Daniel", diz a nota.
Os tucanos subiram o tom devido à convocação de Cláudio Mourão, tesoureiro de Eduardo Azeredo, atual presidente do partido, na campanha ao governo de Minas em 1998. Eles também estão irritados com os ataques feitos pelo presidente Lula e seus ministros, além do presidente eleito do PT, Ricardo Berzoini.
Quando esteve na CPI, Azeredo admitiu a existência de caixa dois em sua campanha à reeleição ao governo de Minas, mas disse que Mourão agiu sem consultá-lo. A fonte dos recursos seriam empresas de Marcos Valério de Souza.
"O bloco parlamentar PFL/ PSDB denuncia à nação a montagem da farsa comandada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, por seu coordenador político, ministro Jaques Wagner, pelo PT e seus dirigentes para reduzir o escandaloso esquema de corrupção sistêmica descoberto no governo e no partido à simples arrecadação de recursos para campanha eleitoral, o que seria, no entender deles todos, prática corrente e, portanto, justificável", diz a nota.
Apesar de tentar dissociar o caso de Azeredo do escândalo do "mensalão", o PSDB e o PFL condenaram a prática de caixa dois. Eles também criticaram o presidente Lula por ter minimizado o fato de o PT não ter declarado recursos utilizados em campanhas eleitorais. Segundo o presidente disse em uma viagem a Paris em julho, o PT fez o que todos os partidos fazem.

Resposta
O presidente do PT, Tarso Genro, rebateu a nota afirmando que a oposição externa o "temor" de que as investigações se aprofundem e cheguem na origem dos recursos da compra de votos para a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002).
Tarso chamou tucanos e pefelistas de "moralistas de última hora" e negou que o PT queira limitar as investigações. "O PT não só quer assumir suas responsabilidades e pagar pelos seus erros, mas quer também limpar todo o país", disse Tarso. As declarações foram repassadas pela assessoria de imprensa do partido.
Ainda de acordo com ele, "a corrupção sistêmica adquiriu seu ponto mais alto, na história do país, nos últimos dez anos, nos governos Fernando Collor de Mello [1990-1992] e Fernando Henrique Cardoso".
Integrante da CPI dos Correios, a senadora Ideli Salvatti (PT-SC) disse que seu objetivo é investigar "tudo e todos". "Não quero entrar neste debate de que há ilegalidades que devem ser investigadas e outras não. Ou se corrupção tem prazo de validade. Estou na CPI para investigar tudo e todos."
Comunicada sobre o teor da nota, a assessoria de imprensa do Palácio do Planalto não havia se pronunciado até a conclusão desta edição. (FERNANDA KRAKOVICS)


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