São Paulo, quinta-feira, 20 de outubro de 2005

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Bornhausen reage a "cerceamento"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), afirmou ontem que a oposição não aceitará "cerceamento" do trabalho da CPI dos Bingos e criará uma comissão somente para investigar a morte de Celso Daniel, prefeito petista de Santo André, caso o governo recorra ao STF (Supremo Tribunal Federal) para impedir as investigações.
O ministro Jaques Wagner (Relações Institucionais) disse anteontem que existem setores do governo que defendem uma ação no STF contra a CPI dos Bingos. Segundo o Planalto, a comissão está fugindo do foco ao tratar da suspeita de corrupção em prefeituras do PT, como Santo André.
"Não aceitaremos cerceamento do governo ao trabalho da CPI. Se isso ocorrer é porque o governo está com medo da investigação e a oposição no Senado não terá outro caminho se não criar uma CPI para investigar somente o caso Santo André", disse Bornhausen.
Segundo ele, a comissão tem fato determinado mas precisa ter "elasticidade", já que ela foi instalada mais de um ano após seu pedido de criação, devido à ação do governo. Originalmente o objetivo era investigar suposta cobrança de propina pelo ex-subchefe de Assuntos Parlamentares da Casa Civil Waldomiro Diniz.
Membros da CPI dos Bingos no Senado também reagiram ontem à declaração de Wagner.
"Por que o governo quer assumir a defesa de suspeitos de corrupção e até de homicídios? Não tem o governo legitimidade, nem jurídica nem ética, para impedir o poder de investigação do Congresso Nacional", disse, em nota, o relator da CPI, senador Garilbaldi Alves Filho (PMDB-RN).
Os senadores investigam, entre outros pontos, se Celso Daniel foi morto devido a suposto esquema de corrupção do qual teria conhecimento Gilberto Carvalho, chefe-de-gabinete do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Carvalho está convocado para uma acareação com irmãos do prefeito na próxima quarta.
Ao tentar defender o deputado Onyx Lorenzoni (PFL-RS), vítima de um pedido de cassação, Bornhausen fez ontem mais uma declaração polêmica. O pefelista afirmou que os políticos do Rio Grande do Sul são "pequenos" ao se referir ao presidente do PT, Tarso Genro, que é gaúcho.
Sentado ao lado de Onyx, que também é gaúcho, Bornhausen criticou Tarso por ter pedido a cassação do pefelista. "Ele agiu como um político do Rio Grande do Sul, pequeno, no caso", disse o senador. Onyx reagiu com um sorriso constrangido.
Bornhausen disse, em agosto, estar "encantado" com a crise política porque "a gente vai se ver livre dessa raça, por, pelo menos, 30 anos". Ele se referia ao PT.


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