NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA

Locução da Globo para a celebridade pop:
- Logo cedo, muitas pessoas esperavam em frente ao prédio. Lula não decepcionou. Deu abraços, beijos e distribuiu autógrafos em pedaços de papel, nas roupas e em fotos. Ganhou uma caneta com a recomendação de assinar atos em favor dos trabalhadores.
Isso, de manhã. No início da noite, outras personagens tratavam Lula com a mesma paixão, relativamente. Na manchete do Jornal Nacional:
- O FMI elogia o programa de governo do presidente eleito.
Um dos enviados do Fundo saiu falando que a política econômica de Lula é "muito prudente e apropriada" e que os planos sociais "são gastos bem feitos". Outro viu "muita afinidade" com o PT:
- Concordamos muito.
Já o PT, ao menos para consumo, anunciou que não é certo o encontro de Lula com o diretor-gerente do Fundo.
E que o encontro de amanhã, entre Lula e o mui conservador secretário-adjunto de Estado Otto Reich, dos EUA, é só uma reunião "protocolar".
 
Franklin Martins explica:
- Lula agora é o "Lulinha devagar com o andor", porque o santo é de barro.
O petista estaria trabalhando com "duas transições".
No momento, faz a transição de governo. Muda os ocupantes dos cargos, mas não a política econômica.
Vai falando com ministeriáveis. Anteontem, como notou a Globo, conversou não só com Antônio Palocci, mas com Benedita da Silva, Olívio Dutra e José Genoino.
Com José Dirceu e Aloizio Mercadante, conversou na semana passada. O primeiro já diz que prefere o governo. O segundo, que prefere "começar o ano" no Senado.
Afinal, trata-se da transição de governo, não da transição da política econômica -que fica para o ano que vem, talvez o fim do ano. Talvez.
 
Diante do vespeiro que é o PMDB, Lula vai lançando pontes para obter apoio direto dos governadores.
Foi assim com Roberto Requião, que ouviu até oferta de ministério, mas não de auxílio no esforço de, segundo a Globo, "isolar a direção".
Nos próximos dias, Lula fala até com Jarbas Vasconcelos e os sete tucanos.
 
E saiu finalmente a decisão fundamental.
Segundo Franklin Martins, durante a semana Lula mora no palácio; no final de semana, vai para a granja.


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