São Paulo, sexta, 20 de novembro de 1998

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Parte das perguntas fica sem resposta

da Sucursal de Brasília

Apesar de o depoimento do ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros ter durado quase cinco horas, ele ainda deixou perguntas sem resposta.
Uma delas: qual seria o interesse dos supostos chantagistas na privatização da Tele Norte Leste?
O ministro evitou citar nominalmente os autores do grampo, embora repetisse ter certeza de quem se trata. "Tenho as minhas convicções, que serão dadas em inquérito policial", disse.
Ele foi econômico também ao falar das "traições" ocorridas durante os preparativos do leilão de privatização do sistema Telebrás.
Uma delas seria a "informação" de que empresa Telefónica de España não participaria do leilão da Telesp, o que acabou acontecendo e frustrando o desenho de privatização traçado pelo ministro.
Permanece nebulosa a relação do ministro com a Telecom Italia. Por que o ministro insistiu em trazer os italianos para o negócio é outra questão que não foi esclarecida no depoimento. Essa pergunta não chegou a ser feita pelos senadores.
Recentemente, Mendonça de Barros esteve na Itália negociando com a empresa a compra dos 25% da Telemar em poder do BNDES.
Ele informou que soubera por representantes da empresa italiana que o lance do consórcio era R$ 1 bilhão superior ao arrecadado com a venda da Tele Norte Leste.
Mendonça também não respondeu à pergunta feita pelo senador Eduardo Suplicy (PT-SP), que queria saber as razões pelas quais o ministro chamara de "babacas" o colega Pedro Malan (Fazenda) e seu secretário-executivo, Pedro Parente.
Suplicy insinuou que o xingamento se deveria a eventuais restrições de Malan e Parente à influência do ministro das Comunicações no processo de privatização da Telebrás.
Ele tampouco explicou por que, em conversa gravada com seu irmão e titular da Câmara de Comércio Exterior, José Roberto Mendonça de Barros, teria chamado de "borocoxôs" os consórcios formados no BNDES, nem por que teria dito: "O negócio da privatização está na nossa mão".
E mais: "O Pio (Borges, vice-presidente do BNDES) levanta e depois dá rasteira."



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