|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Ciro pode ir para o Planejamento
PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL
Confirmada a entrega do Ministério da Integração Nacional para
o PMDB, o candidato derrotado à
Presidência pelo PPS, Ciro Gomes, surge agora como nome para assumir o Planejamento no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Não está descartada a possibilidade de que Ciro ocupe a Previdência, pasta pela qual tanto ele
quanto seu partido têm demonstrado preferência desde o início
das negociações sobre a composição do novo governo.
A decisão final sobre o cargo dependia de uma conversa programada para acontecer ainda ontem entre Lula e Ciro.
A dificuldade estava no contato
entre os dois, já que o ex-governador do Ceará se encontrava em
Havana (Cuba), onde acompanhava um de seus irmãos, que receberia um prêmio.
A escolha do ministério a ser
ocupado pelo PPS, segundo dirigentes da sigla afirmam ter ouvido de José Dirceu, futuro ministro
da Casa Civil, caberia a Ciro. No
Planejamento, ele disputa vaga
com o economista petista Guido
Mantega.
Polêmica
Dentro do PT, a presença do ex-governador na Esplanada tem
causado polêmica. Inicialmente
cotado para assumir a Previdência, o pepessista viu seu nome se
transformar no favorito para a Integração Nacional.
A mudança foi provocada pela
péssima repercussão, dentro do
PT, de uma eventual indicação do
presidenciável derrotado para a
Previdência Social. Isso porque a
proposta para a área apresentada
pelo pepessista durante a campanha difere muito da do PT.
Havia ainda na cúpula petista o
temor de que o temperamento explosivo do ex-governador pudesse causar problemas em uma pasta considerada prioritária para o
futuro governo.
Além de potencialmente menos
polêmica, com Ciro, a Integração
Nacional disporia ainda de um
ministro considerado como do
Nordeste, região onde o ministério desempenha papel fundamental por intermédio, por exemplo,
de órgãos como a Sudene.
Estratégico
Um novo impasse foi criado,
entretanto, a partir do momento
em que o PMDB, crucial para a
garantia da governabilidade petista, reivindicou o comando da
Integração Nacional.
Depois de ter terminado a eleição em quarto lugar e de ter feito
pesadas críticas a Lula e ao PT na
reta final da campanha pelo Planalto, Ciro tem evitado polêmicas
com o novo governo.
Por isso, o ex-governador, embora considere a Previdência um
"desafio" maior, não ofereceu resistências à Integração Nacional e
deve agir da mesma forma em relação ao Planejamento, onde Lula
pode preferir ter Ciro como seu
futuro colaborador.
A pasta também atende às reivindicações do PPS, que exigia
apenas que seu ministério estivesse entre aqueles considerados como de "responsabilidade".
Dirigentes pepessistas ressaltavam ontem o caráter estratégico
do Planejamento e ainda o fato de
a pasta garantir a Ciro maior proximidade com Lula e com áreas
como a Fazenda.
Com o ex-governador no Planejamento, o presidente eleito poderá manter ainda a indicação para
a Previdência do deputado federal
Ricardo Berzoini (PT-SP), ligado
a Luiz Gushiken, futuro secretário
de Comunicação. A nomeação do
deputado contemplaria também
a reivindicação por participação
de setores da esquerda petista.
Colaborou PLÍNIO FRAGA, da Reportagem Local
Texto Anterior: Análise: PMDB teve comportamento ambíguo no governo FHC Próximo Texto: Transportes fica com PL; Turismo deve ir para PTB Índice
|