São Paulo, sexta-feira, 20 de dezembro de 2002

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Ciro pode ir para o Planejamento

PATRICIA ZORZAN
DA REPORTAGEM LOCAL

Confirmada a entrega do Ministério da Integração Nacional para o PMDB, o candidato derrotado à Presidência pelo PPS, Ciro Gomes, surge agora como nome para assumir o Planejamento no governo de Luiz Inácio Lula da Silva.
Não está descartada a possibilidade de que Ciro ocupe a Previdência, pasta pela qual tanto ele quanto seu partido têm demonstrado preferência desde o início das negociações sobre a composição do novo governo.
A decisão final sobre o cargo dependia de uma conversa programada para acontecer ainda ontem entre Lula e Ciro.
A dificuldade estava no contato entre os dois, já que o ex-governador do Ceará se encontrava em Havana (Cuba), onde acompanhava um de seus irmãos, que receberia um prêmio.
A escolha do ministério a ser ocupado pelo PPS, segundo dirigentes da sigla afirmam ter ouvido de José Dirceu, futuro ministro da Casa Civil, caberia a Ciro. No Planejamento, ele disputa vaga com o economista petista Guido Mantega.

Polêmica
Dentro do PT, a presença do ex-governador na Esplanada tem causado polêmica. Inicialmente cotado para assumir a Previdência, o pepessista viu seu nome se transformar no favorito para a Integração Nacional.
A mudança foi provocada pela péssima repercussão, dentro do PT, de uma eventual indicação do presidenciável derrotado para a Previdência Social. Isso porque a proposta para a área apresentada pelo pepessista durante a campanha difere muito da do PT.
Havia ainda na cúpula petista o temor de que o temperamento explosivo do ex-governador pudesse causar problemas em uma pasta considerada prioritária para o futuro governo.
Além de potencialmente menos polêmica, com Ciro, a Integração Nacional disporia ainda de um ministro considerado como do Nordeste, região onde o ministério desempenha papel fundamental por intermédio, por exemplo, de órgãos como a Sudene.

Estratégico
Um novo impasse foi criado, entretanto, a partir do momento em que o PMDB, crucial para a garantia da governabilidade petista, reivindicou o comando da Integração Nacional.
Depois de ter terminado a eleição em quarto lugar e de ter feito pesadas críticas a Lula e ao PT na reta final da campanha pelo Planalto, Ciro tem evitado polêmicas com o novo governo.
Por isso, o ex-governador, embora considere a Previdência um "desafio" maior, não ofereceu resistências à Integração Nacional e deve agir da mesma forma em relação ao Planejamento, onde Lula pode preferir ter Ciro como seu futuro colaborador.
A pasta também atende às reivindicações do PPS, que exigia apenas que seu ministério estivesse entre aqueles considerados como de "responsabilidade".
Dirigentes pepessistas ressaltavam ontem o caráter estratégico do Planejamento e ainda o fato de a pasta garantir a Ciro maior proximidade com Lula e com áreas como a Fazenda.
Com o ex-governador no Planejamento, o presidente eleito poderá manter ainda a indicação para a Previdência do deputado federal Ricardo Berzoini (PT-SP), ligado a Luiz Gushiken, futuro secretário de Comunicação. A nomeação do deputado contemplaria também a reivindicação por participação de setores da esquerda petista.


Colaborou PLÍNIO FRAGA, da Reportagem Local


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