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DOMINGUEIRA
Monica no deserto
MARCOS AUGUSTO GONÇALVES
Editor de Domingo
Como deveria se chamar essa operação de Clinton contra o
Iraque? "Monica no deserto"?
"Blow job no deserto"? "Impeachment no deserto"?
Ninguém, salvo os norte-americanos que respondem pesquisas, parece ter muita dúvida sobre os motivos que levaram
Clinton a atacar novamente,
ainda que o impeachment do
presidente dificilmente venha a
se concretizar.
É verdade que Saddam é indefensável. É um dos maiores interessados no ataque, já que extrai da guerra sua razão de
existir, até que a situação, mais
dia menos dia, torne-se fatalmente insustentável. Mas não
deixa de ser um patético espetáculo imperial esse que os americanos, com o sempre voluntário
apoio dos ingleses, promovem
com os bombardeios sobre Bagdá.
Ela adorou ir ao Jô. Surgiu sorridente e comunicativa, fez sumir e aparecer cartas, revelando-se uma craque do ilusionismo. Mas não era uma mágica
qualquer. Era uma profissional,
como se diz por aí, "sintonizada
com a modernidade". Ou seja:
introduz marcas de produtos
em seus baralhos, busca patrocínios da iniciativa privada e
apresenta-se em fóruns empresariais. Uma beleza.
Agora só falta entrar para a
equipe econômica.
Há motivos para se duvidar do
caráter científico da economia.
Alguns podem até preferir a velha licença e defini-la -ao lado
da política- como uma "arte".
Seja como for, os economistas
têm o que aprender com artistas e poetas. Dois deles poderiam ajudar um pouco a explicar a crise do Real: Marcel Duchamp e Stéphane Mallarmé.
O primeiro, talvez o mais interessante artista do século,
sempre trabalhou com variáveis controláveis, porém deixando aberto o espaço para a
intervenção do acaso. Criou,
por exemplo, réguas a partir de
barbantes de um metro, jogados ao chão de uma mesma altura determinada -ficando
com o acaso a tarefa de escolher
a forma que eles assumiriam ao
tocar o solo. É um procedimento conhecido pelos economistas,
que fixam seus parâmetros e ficam aguardando para ver como
eles "cairão" na realidade...
O segundo, poeta estupendo,
criou o verso que deveria ser o
lema permanente de qualquer
"aposta" econômica: "Um lance de dados jamais abolirá o
acaso".
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