São Paulo, quarta-feira, 21 de março de 2001

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AMAZÔNIA

Calha Norte terá este ano R$ 15,8 mi; no ano passado, teve R$ 30 mi

Defesa da fronteira recebe menos verba que em 2000

FERNANDO RODRIGUES
ENVIADO ESPECIAL À AMAZÔNIA

O Projeto Calha Norte, principal plano de ação do governo federal para evitar o transbordamento da guerrilha e do tráfico de drogas colombianos para o Brasil, deve ter menos dinheiro neste ano do que em 2000.
Por enquanto, o projeto tem a previsão de receber neste ano R$ 15,8 milhões (R$ 8 milhões para novas obras de infra-estrutura, R$ 3,8 milhões para convênios do Exército com municípios da região e R$ 4 milhões para manutenção do que já está instalado). No ano passado, o valor atingiu cerca de R$ 30 milhões.
O Calha Norte foi criado em 1985, pelo então presidente, José Sarney. Seu objetivo era ocupar uma das regiões menos habitadas do país (com apenas 1,2% da população), mas cuja extensão é equivalente a duas vezes o território da França.
Até agora, o projeto consumiu US$ 168,5 milhões (o Ministério da Defesa divulga essa estatística em moeda norte-americana). A grande parte dos investimentos se deu até 1990 (US$ 109 milhões de 86 a 90). Durante o governo FHC, as verbas foram minguando. Em 99, o Calha Norte recebeu apenas US$ 676 mil.
O ministro da Defesa, Geraldo Quintão, está fazendo sua segunda viagem a instalações do Projeto Calha Norte. Esteve ontem e anteontem no Amazonas. Hoje, está em Roraima. O objetivo é coletar dados para tentar reverter a situação orçamentária adversa.
"Eu me irritei com isso", disse o ministro ao falar a oficiais das Forças Armadas durante sua viagem, referindo-se à redução inicial prevista para o orçamento do Calha Norte para este ano. Na previsão orçamentária, o projeto recebia apenas R$ 5,7 milhões.
Graças a emendas orçamentárias propostas por congressistas, o Calha Norte acabou ficando com uma dotação orçamentária de R$ 36,2 milhões. Mas o presidente Fernando Henrique Cardoso ordenou que esse valor fosse reduzido aos atuais R$ 15,8 milhões.
"O presidente considera o Calha Norte um programa prioritário. Tenho certeza de que, se as finanças públicas permitirem, o valor total deste ano será próximo ao do ano passado", disse Quintão. Mas o próprio ministro admite que esse cenário é remoto por causa da recessão na Argentina e do resfriamento das economias dos EUA e do Japão.
Para obter mais verbas, no mês de junho Quintão deve visitar novamente a região acompanhado de 30 a 40 deputados e senadores. Os congressistas têm sido os principais aliados dos militares na defesa do Calha Norte -embora muitos façam restrições de caráter ambiental ao projeto.


O jornalista FERNANDO RODRIGUES viajou ao Amazonas e a Roraima a convite do Ministério da Defesa. Nos trechos em que havia vôos comerciais disponíveis, a Folha arcou com as despesas


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