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ROMBO AMAZÔNICO
Autarquia diz que empresa só explica 40% do recurso aplicado
Sudam deu R$ 9,6 mi para
mulher de Jader criar rãs
ARI CIPOLA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BELÉM
A Sudam (Superintendência do
Desenvolvimento da Amazônia)
quer saber o destino de parte dos
R$ 9,6 milhões aplicados em um
projeto de criação de rãs da mulher do presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), Márcia Cristina Zahluth Centeno.
O projeto sob suspeita é da Centeno & Moreira S/A, empresa de
Márcia, do pai dela e de uma prima.
Jader Barbalho, falando em nome da mulher, negou ontem qualquer irregularidade no projeto
(leia texto nesta página).
O nome da Centeno & Moreira
aparece na lista, divulgada ontem
pela Sudam, de 12 empresas que
entraram na fila para o cancelamento do projeto.
Elas feriram o artigo 51 da lei
8.176/91, ou seja, desviaram dinheiro do Fidam (Fundo de Desenvolvimento da Amazônia) fornecido por meio da Sudam.
"As explicações da empresa são
necessárias porque está constatado em levantamento feito no ano
passado que a Sudam repassou
85% dos recursos previstos para o
projeto de criação de rãs, mas a
empresa só consegue explicar
gastos de 40% do total", afirmou à
Agência Folha o interventor da
Sudam, José Diogo Cyrillo.
A empresa tem agora 20 dias
para apresentar uma defesa por
escrito à Sudam.
A partir da análise da justificativa, o cancelamento é aprovado ou
não pelo Conselho da Sudam.
Se for ratificado o cancelamento, a cobrança do dinheiro é judicial.
Ranário Touro
A empresa foi aberta em 1989
por Márcia, Felizberto Macedo
Centeno e Silvia Helena da Cruz
Moreira. O nome de fantasia era
Ranário Touro.
Márcia ainda não era casada
com o senador peemedebista,
mas já tinha ligação familiar com
o hoje presidente do Senado: ela é
sobrinha da então mulher dele, a
deputada federal Elcione Barbalho (PMDB-PA).
Em 21 de dezembro daquele
ano, a empresa mudou do status
de limitada para o de sociedade
anônima para se adaptar às regras
de financiamento da Sudam.
Ainda assim, a empresa continuou pertencendo aos mesmos
sócios, cada qual sendo proprietário de aproximadamente um terço das cotas.
Liberações
O projeto do Ranário Touro foi
aprovado pela Sudam naquele dezembro, sob o número 2.525.
As liberações de verbas começaram em 2 de fevereiro de 1990,
ano em que Jader foi eleito governador do Pará pela segunda vez.
No total, ocorreram cinco liberações ao Ranário Touro.
O último envio de recursos da
Sudam para a empresa foi em 17
de março de 1993 -foi também o
mais polpudo deles.
A Sudam fez as conversões dos
valores na semana passada.
Chegou ao valor, sem nenhuma
correção ou multa, de R$
4.359.406,39.
Aplicadas as multas cabíveis e a
atualização monetária, o montante é de R$ 9.648.388,18.
Há uma disputa sobre os critérios de conversão. Para Jader, o
valor destinado ao empreendimento foi menor (leia texto ao lado).
Nos relatórios originais da Sudam, o valor total liberado é de
741.313 Ufirs -pela conversão
pura e simples na Ufir deste mês,
R$ 788.831.
A Sudam afirma que há outras
variáveis em seu cálculo, que o
tornam mais preciso, mas não as
explicitou.
A medida tomada ontem pela
Sudam atingiu outras 11 empresas, entre elas, a Moinho Santo
Antônio, de propriedade do empresário José Osmar Borges.
Borges, que foi preso esta semana pela Polícia Federal e libertado
por meio de um habeas corpus,
foi sócio de Jader na compra de
uma fazenda, em 1996.
O empresário é acusado de desviar mais de R$ 100 milhões de autarquia. José Osmar Borges nega
as acusações.
A sociedade só foi desfeita em
janeiro de 1998, quando Jader
comprou a fazenda de Borges por
um terço do preço que o empresário havia pago dois anos antes.
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