São Paulo, sábado, 21 de abril de 2001

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ALIADOS EM CRISE

Brecha regimental permitiria manobra para aplicação de punição mais branda pelo Conselho de Ética

Senadores ensaiam saída contra cassação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Convencidos de que os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (PSDB-DF) serão considerados culpados da acusação de quebra do sigilo dos votos dos senadores, seus aliados articulam uma saída regimental para trocar a cassação por uma punição mais branda - a suspensão temporária dos mandatos de ambos.
Os aliados de ACM e Arruda contam com o corporativismo da Casa para levar adiante o projeto. A saída seria uma brecha no artigo 10, inciso III da Resolução número 20, de 93, que instituiu o Código de Ética e Decoro Parlamentar. Segundo essa regra, será punido com a sanção de perda temporária do exercício do mandato, quando não for aplicada a cassação, o senador que ""revelar conteúdo de debates ou deliberações que o Senado ou comissão haja resolvido devam ficar secretos".
A tramitação do processo por quebra de decoro contra ACM e Arruda deve demorar meses, ao contrário da previsão inicial do presidente do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, Ramez Tebet (PMDB-MS), e do relator, Saturnino Braga (PSDB-RJ).
Isso porque o que existe, por enquanto, é apenas uma ""denúncia" apresentada pela oposição, pedindo a investigação do conteúdo das declarações de ACM aos procuradores da República, citando suposta lista de votos dados a favor ou contra a cassação de Luiz Estevão (PMDB-DF).
Pelo regimento, se o conselho decidir que a denúncia deve ser transformada em representação, o caso terá de passar pela Mesa Diretora. Se for acolhida, a representação terá de ser devolvida pela Mesa ao conselho, onde se inicia nova tramitação.
Os aliados de ACM e Arruda esperam que, com o tempo, diminua a pressão da opinião pública pela cassação dos dois senadores. Assim poderiam recorrer à brecha do regimento que prevê a suspensão de mandato.
O conselho aguarda que a ex-diretora do Prodasen Regina Célia Borges encaminhe os extratos de suas ligações telefônicas para confirmar os contatos que ela diz ter feito com Arruda e ACM.
A punição dos funcionários que violaram o painel só deverá ser decidida após o resultado do processo relativo aos senadores.

Renúncia
O senador Roberto Requião (PMDB- PR) defendeu ontem a renúncia de Arruda, por acreditar que o tucano mentiu ao apresentar seu "álibi" no Senado.



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