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Presidente diz que não apóia operação abafa
ANDRÉ SOLIANI
ENVIADO ESPECIAL A QUÉBEC
O presidente Fernando Henrique Cardoso disse que se opõe a
qualquer tentativa para abafar o
caso de violação do painel do Senado, que poderá levar à cassação
dos senadores Antônio Carlos
Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (PSDB-DF) por
quebra do decoro parlamentar.
"Como ex-senador e líder do
PSDB sou contra. Ponto. Sou contra que se façam manobras. Eu
acho que nós não estamos em
momento de manobras. O momento é de esclarecer as questões", disse o presidente, em Québec, no dia em que se iniciou a Cúpula das Américas, reunião de 34
chefes de Estados dos países do
continente.
Disse, no entanto, que a questão
deve ser resolvida no Congresso.
"Os fatos tem de ser revelados no
âmbito próprio, e o âmbito próprio é o Congresso", disse FHC.
Governistas e oposição tentaram
costurar um acordo para abafar o
caso. Mas, após o novo depoimento de Regina Célia Peres Borges, ex-diretora do Prodasen, ao
Conselho de Ética, a situação de
ACM e de Arruda se complicou.
A sensação entre os senadores é
que é inevitável iniciar o processo
de cassação do pefelista e de Arruda, que se afastou anteontem da
liderança do governo no Senado.
FHC criticou os congressistas
que apóiam a instalação da CPI da
corrupção. Na quarta-feira, dois
senadores do PMDB, Casildo
Maldaner (SC) e Amir Lando
(RO), completaram as 27 assinaturas necessárias, no Senado, para
criar a CPI. "Não transformem as
coisas que existem na política em
obstáculo para a governabilidade.
Isso é antipatriótico", disse ele,
que voltou a pedir para os deputados não assinarem a lista na Câmara, que permitiria a criação de
uma CPI conjunta no Congresso.
"Vou fazer um apelo aos parlamentares brasileiros: pensem no
Brasil e ponham de lado querelas
menores", disse FHC. Segundo
ele, isso não significa querer esconder a verdade "debaixo do tapete": "Pode haver CPI à vontade.
Não tenho nada para esconder.
Mas tem de ser própria, no âmbito apropriado". Para ele, a CPI da
corrupção só vai atrapalhar o
país: "Tumultuar tem como consequência o povo sofrer. O governo não tem nada, nada, sublinho,
nada a temer. Tem a temer que o
povo brasileiro sofra pela incapacidade da direção política de resolver as questões de maneira
equilibrada", afirmou FHC.
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