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Manifestantes antiglobalização derrubam pedaço de cerca e entram em confronto com a polícia
Ativistas rompem "Muro da Vergonha"
RICARDO GRINBAUM
ENVIADO ESPECIAL A QUÉBEC
Manifestantes contra a globalização conseguiram romper a cerca de aço levantada para isolar a
área onde se reúnem 34 chefes de
Estado das Américas e entraram
em confronto com a polícia, ontem à tarde, em Québec.
O confronto entre parte dos manifestantes contra a globalização e
a polícia fez com que o início da
cerimônia inaugural da Cúpula
das Américas tivesse de ser adiado em uma hora.
Os próprios manifestantes se
surpreenderam com a facilidade
com que derrubaram um trecho
do "Muro da Vergonha", como
chamam a barricada, feito com
base de concreto e uma cerca de
aço de três metros de altura.
"Mais gente, mais gente", gritava um jovem vestido de preto,
usando um capacete de futebol
americano, que pedia apoio para
partir para cima do cordão de isolamento formado pela polícia.
Cerca de 50 jovens anarquistas,
vestidos de preto, com máscara
contra gás, jogaram pedras, pedaços de pau e garrafas e enfrentaram os soldados, a cerca de 300
metros de onde estavam as autoridades. A maioria dos manifestantes não atendeu, no entanto, à
convocação dos anarquistas para
que partissem para um confronto
direto com a polícia.
Vestidos com roupas coloridas,
carregando cartazes e tocando
música, os milhares de ativistas
mantiveram seu ato na praça do
Grande Teatro, mas sem enfrentar os soldados.
Em pouco tempo, os policiais,
protegidos por capacetes, escudos
e cassetetes, dispararam dezenas
de bombas de gás lacrimogêneo e
conseguiram recuperar o terreno
cedido nos primeiros confrontos.
Outro grupo com milhares de
manifestantes promoveu marcha
de protesto em que os participantes haviam se comprometido a
não cometer atos ilegais.
Os dois atos de protesto reuniram entre 15 mil e 20 mil pessoas
nas contas dos manifestantes. Para a polícia, havia aproximadamente 2.000 ativistas na área de
confronto.
Os policiais prenderam três manifestantes, entre eles um jovem
classificado como o líder do "bloco preto", em referência ao grupo
de anarquista que tomou a frente
no confronto com a polícia.
Um porta-voz da polícia minimizou o fato de os manifestantes
terem derrubado um pedaço do
muro. "Eles abriram uma brecha,
mas não conseguiram invadir o
perímetro de segurança", disse.
O objetivo dos ativistas é perturbar "o máximo possível" a reunião da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Eles querem repetir em Québec manifestações semelhantes às que ocorreram em Seattle, Washington e
Praga, nos dois últimos anos.
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