São Paulo, sábado, 21 de abril de 2001

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Manifestantes antiglobalização derrubam pedaço de cerca e entram em confronto com a polícia

Ativistas rompem "Muro da Vergonha"

RICARDO GRINBAUM
ENVIADO ESPECIAL A QUÉBEC

Manifestantes contra a globalização conseguiram romper a cerca de aço levantada para isolar a área onde se reúnem 34 chefes de Estado das Américas e entraram em confronto com a polícia, ontem à tarde, em Québec.
O confronto entre parte dos manifestantes contra a globalização e a polícia fez com que o início da cerimônia inaugural da Cúpula das Américas tivesse de ser adiado em uma hora.
Os próprios manifestantes se surpreenderam com a facilidade com que derrubaram um trecho do "Muro da Vergonha", como chamam a barricada, feito com base de concreto e uma cerca de aço de três metros de altura.
"Mais gente, mais gente", gritava um jovem vestido de preto, usando um capacete de futebol americano, que pedia apoio para partir para cima do cordão de isolamento formado pela polícia.
Cerca de 50 jovens anarquistas, vestidos de preto, com máscara contra gás, jogaram pedras, pedaços de pau e garrafas e enfrentaram os soldados, a cerca de 300 metros de onde estavam as autoridades. A maioria dos manifestantes não atendeu, no entanto, à convocação dos anarquistas para que partissem para um confronto direto com a polícia.
Vestidos com roupas coloridas, carregando cartazes e tocando música, os milhares de ativistas mantiveram seu ato na praça do Grande Teatro, mas sem enfrentar os soldados.
Em pouco tempo, os policiais, protegidos por capacetes, escudos e cassetetes, dispararam dezenas de bombas de gás lacrimogêneo e conseguiram recuperar o terreno cedido nos primeiros confrontos.
Outro grupo com milhares de manifestantes promoveu marcha de protesto em que os participantes haviam se comprometido a não cometer atos ilegais.
Os dois atos de protesto reuniram entre 15 mil e 20 mil pessoas nas contas dos manifestantes. Para a polícia, havia aproximadamente 2.000 ativistas na área de confronto.
Os policiais prenderam três manifestantes, entre eles um jovem classificado como o líder do "bloco preto", em referência ao grupo de anarquista que tomou a frente no confronto com a polícia.
Um porta-voz da polícia minimizou o fato de os manifestantes terem derrubado um pedaço do muro. "Eles abriram uma brecha, mas não conseguiram invadir o perímetro de segurança", disse.
O objetivo dos ativistas é perturbar "o máximo possível" a reunião da Alca (Área de Livre Comércio das Américas). Eles querem repetir em Québec manifestações semelhantes às que ocorreram em Seattle, Washington e Praga, nos dois últimos anos.


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