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Policiais vasculham gabinetes e casas de desembargadores
No TRF, seguranças tentaram conter busca da Polícia Federal; procurador da Fazenda também foi alvo da Operação Têmis
Poucos documentos foram apreendidos; polícia crê que magistrados foram avisados com antecedência, pois não encontrou a maioria deles
LILIAN CHRISTOFOLETTI
KLEBER TOMAZ
DENISE BRITO
JOSÉ ALBERTO BOMBIG
DA REPORTAGEM LOCAL
Armados com submetralhadora e pistolas, cerca de 50 policiais federais vasculharam ontem os gabinetes de três desembargadores do (TRF-SP)
Tribunal Regional Federal de
São Paulo e de dois juízes federais de primeira instância. A
ação no TRF era apenas uma
parte das vistorias previstas pela Operação "Têmis" em São
Paulo, fruto de investigações
sobre a suposta venda de sentenças judiciais.
A chegada dos policiais federais ao prédio do TRF, na avenida Paulista, às 9h30, com carros pretos e sirenes ligadas, assustou principalmente os agentes de segurança, que proibiram o grupo armado de entrar
nos gabinetes, apesar de terem
ordem judicial autorizando a
operação de busca e apreensão.
Sob o comando do delegado da
PF José Pinto de Luna, que foi
acompanhado pelo procurador
regional da República Pedro
Barbosa Pereira Neto, os agentes entraram no prédio do TRF
somente 25 minutos depois.
Tiveram seus gabinetes investigados pela PF os desembargadores Roberto Haddad,
Nery da Costa Júnior e Alda
Basto. No prédio da primeira
instância, a medida atingiu a
juíza federal Maria Cristina
Cukierkorn, que está em licença maternidade desde janeiro, e
o juiz Djalma Moreira Gomes.
Cukierkorn foi ao gabinete
acompanhar a operação.
Apenas a desembargadora
Basto estava no tribunal.
Como saldo das operações
desenvolvidas de forma simultânea, foram apreendidos poucos documentos, cópias dos
discos rígidos (memória) dos
computadores fixos dos magistrados e um notebook, de Haddad. No gabinete dele foram
apreendidos menos de dois
quilos de papéis.
Alvo na Fazenda
No mesmo horário em que
era feita a vistoria no TRF, seis
agentes e dois escrivães da PF
chegavam a um prédio da zona
leste na capital onde mora o
procurador da Fazenda Nacional Sérgio Gomes Ayala.
O delegado Rafael Andreatto,
da PF do Rio, levava debaixo do
braço a "ficha de identificação
de Ayala. Denise Neves Abade,
procuradora Regional da República em São Paulo, conversou
com o porteiro: "Não viemos
cumprir mandado de prisão,
somente de busca e apreensão
de documentos".
Segundo o zelador, o procurador tinha saído para trabalhar "entre 7h e 8h." A advogada de Ayala, Flávia Jurno, chega às 10h30 de táxi e dá outra
versão: "Sérgio está de férias do
serviço, viajando com a família.
A única pessoa que está no
apartamento é a empregada
que foi quem me chamou aqui.
Por isso vim: para acompanhar
esse trabalho da polícia".
A ausência de Ayala despertou a desconfiança dos policiais
envolvidos na operação de que
o procurador já saberia da "visita" da PF. Após duas horas e
cinqüenta minutos no apartamento, a equipe da PF deixou o
prédio com sacolas pretas.
"Apreendemos HDs (sigla
em inglês para discos rígidos,
onde estão informações e arquivos de computadores) que
serão levados para a superintendência da PF, na Lapa (zona
oeste)", disse o delegado.
Alphaville
Outra equipe da PF chegou
às 9h40 na residência do desembargador Nery da Costa Júnior, no condomínio em Alphaville (Tamboré).
Chefiados pelo delegado José
Lourenço, os policias foram
atendidos pela empregada da
casa. A esposa do desembargador saiu então à porta. O desembargador não estava em casa e a garagem com espaço para
três veículos, vazia. A busca durou cerca de três horas.
Um agente, questionado pela
reportagem sobre o resultado
da busca, fez gesto negativo
com a cabeça dizendo que nada
havia sido encontrado. A PF recolheu CDs, agendas, pastas e o
HD de um computador. Não
encontraram dinheiro em espécie, à exceção de baixa quantia em "moeda estrangeira".
Vizinhos contaram que o desembargador tem um Honda
Civic EXS (placa HSI 7183,
Campo Grande, Mato Grosso
do Sul), cinza metálico, que estava estacionado na vaga de garagem da casa vizinha.
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