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FEIRA
Tema do pavilhão do Brasil na exposição é o desenvolvimento sustentável
País inunda Hannover com
cheiro do café e da cachaça
CLÓVIS ROSSI
DO CONSELHO EDITORIAL
O cheiro forte do café brasileiro
inundará, a partir do dia 31, a Exposição Universal de Hannover,
na Alemanha. Nesse dia, o presidente Fernando Henrique Cardoso participará da inauguração da
mostra, a primeira em solo alemão, na qual o Brasil montou um
imenso pavilhão, de cujos pilares
emanará o odor de café.
É uma das maneiras encontradas para fazer do pavilhão brasileiro em Hannover "uma plataforma de interesse em torno do
Brasil", como diz o filho do presidente, Paulo Henrique Cardoso,
representante do Conselho Empresarial Brasileiro pelo Desenvolvimento Sustentável, que preparou a participação brasileira.
Cheiro de café pode parecer
prosaico e até antigo. Afinal, antes
do surgimento de Pelé, o único
produto brasileiro conhecido internacionalmente era justamente
o café. Tanto que, já na Exposição
Universal de São Petersburgo
(Rússia), no século passado, o imperador Pedro 2º determinou o
uso do café como o grande chamariz para o pavilhão brasileiro.
Mais de um século depois, pesquisa feita pelo Itamaraty mostrou que o grande problema de
imagem que o país ainda tem é o
desconhecimento no exterior a
seu respeito. Natural, portanto,
que o café, que todo o mundo conhece, funcione como chamariz
para atrair ao menos parte dos
263 mil visitantes que o governo
alemão calcula que passarão diariamente pela feira de Hannover.
O tema geral do pavilhão brasileiro está concentrado em Meio
Ambiente e Desenvolvimento
Sustentável. "A idéia é mostrar
uma dupla diversidade do Brasil",
diz Paulo Henrique Cardoso.
Primeiro, a diversidade da natureza e "a imensa riqueza que ela
proporciona, seja em recursos hídricos e em biodiversidade como
em oportunidades para o turismo". Mas não se trata de mostrar
a natureza apenas como exotismo
e, sim, também, como oportunidade de negócios.
Um exemplo: dos 25 projetos
que ONGs (organizações não-governamentais) mostrarão em
Hannover, um chama-se "Guaraná, satisfazendo necessidades básicas através da exportação de frutas tropicais", montado pelo Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawé, do Amazonas.
Outro exemplo: cachaça. Wilson Teixeira Soares, da Embratur,
conta que fabricantes de cachaça
artesanal de Minas Gerais acabam
de fechar contrato com o Reino
Unido para exportar 150 mil litros, no valor de US$ 450 mil.
Pouco? É, por enquanto. Mas
Teixeira Soares lembra que bebidas alcoólicas são o 10º produto
da pauta de exportações da Espanha, por exemplo. Por isso, além
do café, o cheiro forte da cachaça
brasileira inundará o pavilhão de
Hannover, na expectativa de
atrair compradores europeus.
O segundo ponto da diversidade brasileira a ser mostrado na
Alemanha é, diz Paulo Henrique,
"a diversidade na formação da raça". Ou, completa, como "o Brasil
consegue, com 500 povos, falar a
mesma língua e viver em paz", no
que ele batiza de "uma grande
mistura organizada".
De novo, a idéia não é folclorizar a diversidade racial, mas tentar demonstrar que ela está na raiz
do que Paulo Henrique chama de
"inventividade, capaz de colocar
o Brasil como um dos povos que é
capaz de desenvolver o Projeto
Genoma e fabricar o trem de pouso dos aviões Boeing". Para Teixeira Soares, Hannover é "uma
oportunidade única para, durante
153 dias, promover os produtos
brasileiros de exportação".
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