São Paulo, domingo, 21 de maio de 2000


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FEIRA
Tema do pavilhão do Brasil na exposição é o desenvolvimento sustentável

País inunda Hannover com cheiro do café e da cachaça


CLÓVIS ROSSI

DO CONSELHO EDITORIAL

O cheiro forte do café brasileiro inundará, a partir do dia 31, a Exposição Universal de Hannover, na Alemanha. Nesse dia, o presidente Fernando Henrique Cardoso participará da inauguração da mostra, a primeira em solo alemão, na qual o Brasil montou um imenso pavilhão, de cujos pilares emanará o odor de café.
É uma das maneiras encontradas para fazer do pavilhão brasileiro em Hannover "uma plataforma de interesse em torno do Brasil", como diz o filho do presidente, Paulo Henrique Cardoso, representante do Conselho Empresarial Brasileiro pelo Desenvolvimento Sustentável, que preparou a participação brasileira.
Cheiro de café pode parecer prosaico e até antigo. Afinal, antes do surgimento de Pelé, o único produto brasileiro conhecido internacionalmente era justamente o café. Tanto que, já na Exposição Universal de São Petersburgo (Rússia), no século passado, o imperador Pedro 2º determinou o uso do café como o grande chamariz para o pavilhão brasileiro.
Mais de um século depois, pesquisa feita pelo Itamaraty mostrou que o grande problema de imagem que o país ainda tem é o desconhecimento no exterior a seu respeito. Natural, portanto, que o café, que todo o mundo conhece, funcione como chamariz para atrair ao menos parte dos 263 mil visitantes que o governo alemão calcula que passarão diariamente pela feira de Hannover.
O tema geral do pavilhão brasileiro está concentrado em Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável. "A idéia é mostrar uma dupla diversidade do Brasil", diz Paulo Henrique Cardoso.
Primeiro, a diversidade da natureza e "a imensa riqueza que ela proporciona, seja em recursos hídricos e em biodiversidade como em oportunidades para o turismo". Mas não se trata de mostrar a natureza apenas como exotismo e, sim, também, como oportunidade de negócios.
Um exemplo: dos 25 projetos que ONGs (organizações não-governamentais) mostrarão em Hannover, um chama-se "Guaraná, satisfazendo necessidades básicas através da exportação de frutas tropicais", montado pelo Conselho Geral da Tribo Sateré-Mawé, do Amazonas.
Outro exemplo: cachaça. Wilson Teixeira Soares, da Embratur, conta que fabricantes de cachaça artesanal de Minas Gerais acabam de fechar contrato com o Reino Unido para exportar 150 mil litros, no valor de US$ 450 mil.
Pouco? É, por enquanto. Mas Teixeira Soares lembra que bebidas alcoólicas são o 10º produto da pauta de exportações da Espanha, por exemplo. Por isso, além do café, o cheiro forte da cachaça brasileira inundará o pavilhão de Hannover, na expectativa de atrair compradores europeus.
O segundo ponto da diversidade brasileira a ser mostrado na Alemanha é, diz Paulo Henrique, "a diversidade na formação da raça". Ou, completa, como "o Brasil consegue, com 500 povos, falar a mesma língua e viver em paz", no que ele batiza de "uma grande mistura organizada".
De novo, a idéia não é folclorizar a diversidade racial, mas tentar demonstrar que ela está na raiz do que Paulo Henrique chama de "inventividade, capaz de colocar o Brasil como um dos povos que é capaz de desenvolver o Projeto Genoma e fabricar o trem de pouso dos aviões Boeing". Para Teixeira Soares, Hannover é "uma oportunidade única para, durante 153 dias, promover os produtos brasileiros de exportação".


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