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Ministro não foi ouvido em CPI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Planalto manobrou na CPI
dos Bancos para impedir que o
ministro da Fazenda, Pedro Malan, fosse ouvido pelos senadores
sobre a operação de socorro aos
bancos Marka e FonteCindam.
A CPI dos Bancos foi proposta
por Jader Barbalho (PMDB-PA)
no Senado para apurar os lucros
que instituições financeiras tiveram com a desvalorização do real
em janeiro de 1999 e a ajuda do
Banco Central aos dois bancos.
A oposição queria ouvir Malan
para esclarecer se ele tomou conhecimento da ajuda, o que sempre negou. "Eu desafio a quem
quer que seja a comparecer a uma
acareação na qual tenha a coragem e a desfaçatez de dizer na minha frente que participou de uma
reunião comigo na qual tenham
sido discutidas, negociadas e
aprovadas as operações dos bancos Marka e FonteCindam", disse
Malan, na época, em nota oficial.
O ministro almoçou com Lopes
e o presidente Fernando Henrique Cardoso, no Palácio do Planalto, no dia 14 de janeiro de 1999,
um dias após o Marka quebrar
com a fracassada tentativa de Lopes de introduzir um sistema
cambial que ficou conhecido como bandas diagonais endógenas.
Horas antes, na manhã daquele
mesmo dia, Lopes havia recebido
durante café da manhã Luiz Augusto Bragança, que pediu intervenção do BC em favor do Marka.
Bragança, segundo a revista "Veja", participaria da venda de informações privilegiadas do BC.
Na noite do dia 14, Malan jantou
com Lopes no restaurante Francisco, na Academia de Tênis de
Brasília, na companhia do secretário-executivo do Ministério da
Fazenda, Amaury Bier, e do então
diretor de Assuntos Internacionais do BC, Demósthenes Madureira de Pinho Neto.
Na mesa de jantar, Lopes atendeu a dois telefonemas do então
diretor de Fiscalização do BC,
Cláudio Mauch, que fez relatos e
consultas sobre a ajuda ao Marka.
Malan passou a manhã do dia
seguinte, dia 15, em uma reunião
na Diretoria de Política Monetária do BC. Em uma sala contígua,
funcionários do BC redigiam o
voto que permitiria concretizar o
socorro ao Marka. Quando a advogada Fátima Martins digitava o
documento, Malan entrou nesta
sala para ler as agências de notícias em um computador.
O motivo da demissão de Lopes
também é considerado um ponto
obscuro. Em reunião com senadores, Malan disse que só contaria porque demitiu Lopes dez
anos depois de sua morte.
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