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TRF cassa liminar contra cobrança
SILVANA DE FREITAS
da Sucursal de Brasília
O governo obteve uma vitória na
batalha judicial que trava com o
funcionalismo civil em torno da
contribuição previdenciária: o
TRF (Tribunal Regional Federal)
da 1ª região suspendeu uma decisão que beneficiava todos os cerca
de 125 mil servidores de órgãos sediados no Distrito Federal.
Nos últimos 30 dias, vigorou
uma uma espécie de liminar da 9ª
Vara da Justiça Federal do DF que
proibia a União de recolher a contribuição dos aposentados e dos
pensionistas e de aumentar o desconto nos salários dos servidores
ativos.
Essa decisão foi agora cassada
pelo juiz Plauto Ribeiro, que preside o TRF da 1ª região, com sede em
Brasília. Ribeiro considerou que o
Ministério Público Federal, autor
da ação, não tem legitimidade para
defender interesses individuais.
Ele não chegou a examinar a validade dos descontos.
Há centenas de decisões judiciais
favoráveis ao funcionalismo em
todo o país. Os servidores inativos
são os principais beneficiados. Levantamento preliminar do governo indica que 70% deles (cerca de
414 mil) já obtiveram liminares para não pagar a contribuição.
O governo precisa recorrer contra cada decisão judicial para evitar neste ano perda de R$ 1,08 bilhão do R$ 1,8 bilhão de arrecadação prevista em razão da lei de janeiro que alterou as normas da
contribuição dos servidores.
Essa receita é uma das principais
medidas do ajuste fiscal negociado
com o FMI.
A lei fixou alíquota de 11% a 25%,
dependendo da faixa de renda,
atingindo também inativos.
Mailson
O ex-ministro da Fazenda Mailson da Nóbrega disse ontem que a
única forma de resolver o buraco
da Previdência é deixar de reconhecer direitos.
O ajuste fiscal está sendo feito à
custa de aumento de impostos e de
corte profundo nas despesas. Mas,
além de as contribuições (os novos
impostos que promovem o aumento da arrecadação), muitos
desses gastos foram apenas adiados, argumenta Mailson.
"Só que isso não se sustentará
por muito tempo, e o governo não
atacou o problema estrutural", diz
ele. Para o ex-ministro, fatalmente
o desequilíbrio ressurgirá no ano
que vem e a principal vilã continuará sendo a Previdência.
"Em três anos a Previdência vai
gerar um rombo entre R$ 30 bilhões e R$ 35 bilhões", disse.
Não há outra saída se não a quebra de direitos, afirma Mailson.
"Na Argentina, isso foi feito via
hiperinflação, que achatou as aposentadorias para sempre. Mas
existem formas negociadas e menos traumáticas", afirma.
Colaborou
Silvana Quaglio,
Editora do Painel S/A
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