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Tratado não inibiu
a corrida atômica
RICARDO BONALUME NETO
especial para a Folha
O Brasil não aceitava o TNP porque a diplomacia do país o considerava "discriminatório", criando duas categorias de países: aqueles teoricamente mais responsáveis, que já tinham e poderiam
manter armas nucleares, e o resto
do planeta, que não deveria ter
acesso a elas, representado pela
ofensiva palavra "proliferação".
O TNP, com onze artigos, foi assinado em 1968 em Washington,
Londres e Moscou, e depois foi recebendo adesões. O tratado reconhece que cinco países detinham
armas nucleares -EUA, a então
União Soviética, Reino Unido,
França e China- e diz, em seu primeiro artigo, que nenhum dos Estados que possuir tais artefatos deve transferi-los a outros países.
O segundo artigo diz que os países que não tiverem as armas se
comprometem a não recebê-las de
outros, ou fabricá-las.
O artigo mais delicado é o terceiro, que diz que os Estados sem armas nucleares se comprometem a
aceitar salvaguardas da Agência
Internacional de Energia Atômica.
O TNP não teve muito sucesso. A
Índia explodiu uma bomba atômica em 1974, alegando "fins pacíficos". O vizinho Paquistão ampliou
as pesquisas e provavelmente tem
a capacidade de fazer a bomba.
Israel certamente tem capacidade nuclear, embora não admita,
para evitar uma corrida armamentista no Oriente Médio.
A Marinha do Brasil tem um programa para eventual construção
de submarinos nucleares. Mas não
se trata de "arma" nuclear, e sim
de propulsão através de reatores
nucleares, considerada uma aplicação "pacífica" dessa tecnologia.
Brasil e Argentina tem hoje uma
indústria nuclear capacitada a fazer uma bomba, sem precisar de
ajuda externa. Mas ambos assinaram acordos negando o interesse
em iniciar uma corrida nuclear.
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