São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

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PT avalia que acusações não devem prejudicar Lula

DA REPORTAGEM LOCAL

O PT avalia que as acusações de João Francisco Daniel -irmão do prefeito Celso Daniel- são frágeis, sem possibilidade de obtenção de provas e de poder de desgaste limitado no que se refere à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência.
O partido analisa que acusações pontuais de irregularidades no relacionamento da Prefeitura de Santo André com empresas contratadas têm mais chances de serem comprovadas, o que garantiria espaços na mídia contra o PT em grande parte da campanha.
Os petistas pretendem preservar a memória de Celso Daniel, mas vão tentar demonstrar que seu irmão, João Francisco, autor das denúncias, é um adversário político do PT e do próprio prefeito. Ele seria militante do PTB de Santo André -partido que, em São Paulo, apóia o PSDB. João Francisco negou ontem que seja filiado a partido político.
A direção do PT planeja realizar pesquisa na semana que vem para medir um eventual prejuízo para a candidatura de Lula. Integrantes da cúpula petista passaram o dia afinando o discurso e preparando resposta às acusações.
Os dirigentes tentarão carimbar as acusações como de "caráter político". O PT está convicto de que integrantes do primeiro escalão do PSDB-SP têm participação no vazamento da denúncia.
Os petistas dizem que o depoimento ao Ministério Público, que corria sob segredo de Justiça, foi tornado público no mesmo dia em que foi acertada a coligação com o PL, o mais importante fato eleitoral favorável a Lula até o momento. "O caso perturba um pouco, porque queremos fazer campanha, mas nada que comprometa a longo prazo", disse João Paulo Cunha, líder do PT na Câmara.
Petistas fizeram um paralelo entre as acusações surgidas agora e outras três de características tidas como semelhantes nas campanhas de 1989, 1994 e 1998.
Em 1989, a gestão da então petista Luiza Erundina em São Paulo foi acusada de cobrar propina para aprovação de um projeto imobiliário da Lubecca Empreendimentos. O dinheiro (US$ 200 mil), segundo a acusação, teria sido destinado à campanha presidencial de Lula. O processo foi arquivado por falta de provas nove anos depois (dezembro de 1998).
Na campanha de 1994, surgiu o caso Nutrícia. Lula viajou a duas cidades do Rio em jatinhos pagos pela empresa Nutrícia, que foi fornecedora da Prefeitura de São Paulo na gestão de Erundina. O caso foi arquivado em 1995.
Em 1998, foi veiculado o caso Cpem, empresa de consultoria que prestou serviços a várias prefeituras administradas pelo PT.
O advogado Roberto Teixeira, amigo de Lula, teria sido o intermediador dos contratos entre a empresa e as prefeituras, e a Cpem teria financiado eventos da campanha petista. O processo ainda está em andamento. Lula teria de comparecer à Justiça no último dia 11, mas pediu adiamento de seu depoimento. (PLÍNIO FRAGA E FÁBIO ZANINI)


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