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JANIO DE FREITAS
Problema preliminar
A polêmica provocada pela
operação na penitenciária
Bangu 1 é daquelas que podem
ser conduzidas ao infinito pela
mídia, sem possibilidade de solução. Mas nisso mesmo mostra
o estado precário em que está,
no Brasil, a ação contra o crime
organizado.
É indiscutível, de uma parte,
que os promotores incorreram
em excesso ao impedirem a entrada do secretário de Justiça
fluminense enquanto era vasculhada a penitenciária. Escapou-se de um episódio perigoso, caso
ocorresse ao secretário Paulo
Saboya buscar apoio de um contingente da PM para entrar à
força, em defesa da autoridade
do cargo.
De outra parte, porém, o excesso dos promotores merece
uma palavrinha a mais: excesso
de zelo. A presença inesperada
do secretário, como a do diretor
da penitenciária às 7h, surpreendeu-os, ao comprovar que
toda a cautela para o sigilo total
da operação fora violado. Justificava-se, portanto, a hipótese
de que a própria operação estivesse comprometida, dada a impossibilidade de constatar de
imediato a extensão do furo.
Assim é: as operações sérias
contra o crime organizado precisam começar por proteger-se
de setores que deveriam integrá-las. Não era o caso, obviamente,
do secretário fluminense, mas é
o caso do dispositivo penitenciário no país todo e de grande parte do aparelho policial, cuja contaminação mais uma vez se
comprova nos telefonemas gravados na própria Bangu 1, com
suas menções ao fornecimento
de armas por policiais.
E esse problema, como poderia resolvido? A ele não há senão
as referências mais convencionais e as providências mais inócuas, que parecem mais proteger do que reprimir. Se há a pretensão de combater o crime organizado, enfrentar o problema
da contaminação nos aparelhos
de segurança pública é uma
questão preliminar - e, no entanto, governo nenhum se mostrou disposto ou capaz de fazê-lo de fato.
Alerta
A imobilidade da candidatura
de José Serra, na pesquisa Ibope,
seguindo-se a um período de
grande exposição do candidato,
frustrou o otimismo que aguardava o novo índice. Mas a preocupação da constatação menos
desejada: o crescimento do índice de Ciro Gomes, apesar da
proibição de sua presença nos
programas do PTB, obtida no
TSE pelo PSDB.
Consideradas as margens de
erro para cima e para baixo, fica
a possibilidade que Ciro Gomes
esteja ainda mais próximo do
segundo colocado do que aparenta. O que seria um problema
com o qual o PSDB não contava
mais.
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