São Paulo, sexta-feira, 21 de junho de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

RUMO ÀS ELEIÇÕES

Socialistas perdem apoio em cinco Estados e consideram aliança com Lula, mas Arraes nega possibilidade

Aliança PT-PL isola Garotinho e assusta PSB

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

A aliança oficial entre o PT e o PL isolou ainda mais a candidatura à Presidência do ex-governador Anthony Garotinho (PSB). Sem uma coligação formal com um partido de peso, Garotinho perdeu, oficialmente, o apoio dos liberais em cinco Estados.
Entre os socialistas, cresce o sentimento de que o melhor caminho para o PSB é a renúncia de Garotinho e o apoio a Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no primeiro turno. Assim, o ex-governador do Rio pode concorrer à reeleição.
A Folha procurou o candidato do PSB para obter uma avaliação do acordo do PT com o PL, mas sua assessoria informou que ele não daria entrevistas ontem.
Nos próximos dias uma missão de petistas deve se encontrar com o presidente nacional do PSB, Miguel Arraes. O PT, segundo a Folha apurou, pretende oferecer apoio aos candidatos socialistas em pelo menos oito Estados - Pará, Ceará, Amapá, Bahia, Rio Grande do Norte, Alagoas, Pernambuco e Roraima. Em troca, espera que o PSB feche com Lula.
Arraes afirmou ontem que o partido vai manter a candidatura de Garotinho, mesmo se houver um convite formal para adesão à aliança entre o PT e o PL. "A candidatura será mantida porque temos razões de caráter político para isso", afirmou Arraes.
Já o ex-governador João Capiberibe (AP) disse haver "um sentimento majoritário no partido de que Garotinho possa vir a dar uma demonstração de grandeza e tentar ir conversar com o PT".
Segundo o Tribunal Superior Eleitoral, se o PSB quiser apoiar o PT ainda no primeiro turno, deve realizar nova convenção até o dia 30. Antes terá de convencer Garotinho a renunciar. Ele poderá concorrer à reeleição, desde que sua mulher, Rosângela Matheus, já homologada candidata do PSB no Rio, também renuncie.
Com a aliança entre o PT e o PL, Garotinho perde apoio dos liberais no Rio, Espírito Santo, Paraná, Ceará e Pará. O ex-governador também vê ir por água abaixo sua estratégia de obter, oficialmente, os votos da Igreja Universal do Reino de Deus, abrigada no PL.
O núcleo dissidente do PSB, antes formado por Capiberibe e a deputada Luiza Erundina (SP), também se ampliou. Dos 18 deputados da bancada federal do partido, apenas sete ainda estariam ao lado de Garotinho. Os três senadores - Ademir Andrade (PA), Antônio Carlos Valadares (SE) e Paulo Hartung (ES) - também jogam pela aliança, embora não falem abertamente.
Anteontem, a bancada do PSB na Câmara se reuniu para tentar unificar o discurso pró-Garotinho. Há uma angústia natural na bancada de que o presidenciável possa cair nas pesquisas, dificultando a reeleição de alguns deputados. Segundo um deputado, a intenção era reafirmar que o ex-governador continua candidato.


Colaborou FÁBIO GUIBU, da Agência Folha, em Recife



Texto Anterior: PT nacional banca alianças nos Estados
Próximo Texto: Candidato convida líder do PSB para vice de sua chapa
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.