São Paulo, domingo, 21 de junho de 1998

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Interessados querem manter data do leilão

da Sucursal de Brasília

Empresas interessadas na privatização do Sistema Telebrás querem que o governo mantenha a data do leilão de venda da estatal, marcado para o dia 29 de julho.
Elas afirmam que uma "nova escorregada" do governo, adiando o leilão, poderá "desacreditar" o processo de venda da Telebrás, cujo preço mínimo foi estabelecido em R$ 13,47 bilhões.
Essas empresas avaliam que o tiroteio político entre governo e oposição em torno da privatização da estatal "assusta", mas não atrapalha o processo.
A Folha falou com a MCI do Brasil, a Telefónica espanhola, a BR Telecom (do Grupo Listas), a Lightel (do Grupo Algar) e a Cowan. Todas elas estão consultando os "data rooms" da Telebrás, que contêm dados sobre a estatal.
Investidores norte-americanos pediram ao ministro Luiz Carlos Mendonça de Barros (Comunicações), semana passada em Nova York, o adiamento do leilão.
"Adiar o leilão poderá desvalorizar mais as ações da Telebrás, pois os mercados estão instáveis", disse o presidente da MCI no Brasil, Luis Fernando Rodrigues.
Ele lembrou que o leilão foi inicialmente marcado para o dia 15 de julho, mas acabou remarcado para o dia 29. O governo argumentou que daria mais tempo aos interessados nos "data rooms".
Para o presidente da BR Telecom, James Tompkins, "ninguém levou o governo a sério quando ele anunciou que privatizaria a Telebrás em 98". Por isso, acredita que há pressões para adiar. "A única razão para uma eventual mudança seria a entrada, na última hora, de dois ou três grandes operadores."
Para Gunnar Vikberg, vice-presidente do Grupo Algar, outro adiamento poderá "desacreditar" a privatização. "Seria ruim para a Telebrás, para o país e para a credibilidade do governo."
Para Tompkins, o debate em torno da venda era esperado por ser um ano eleitoral. "Essa polêmica não atrapalha, mas afeta a credibilidade." Paulo Toller, diretor de Concessões e Privatização da construtora Cowan, tem a mesma opinião. "O tiroteio assusta um pouco os investidores, mas não traz problemas ao processo."
A espanhola Telefónica, por sua assessoria, disse que "confia no cumprimento dos prazos estabelecidos". (FERNANDO GODINHO)



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