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RELIGIÃO
Igreja aposenta religiosos aos 75
Católicos
terão novos
cardeais
LUIS HENRIQUE AMARAL
da Reportagem Local
Até o ano 2000, a Igreja Católica
brasileira poderá assistir à renovação de todos os seus cardeais. Isso
porque, pelas leis do Vaticano, os
religiosos devem se aposentar aos 75 anos.
Os cinco cardeais brasileiros já terão
atingido a idade-limite.
Mas esta renovação poderá não ser
completa: a decisão final sobre a aposentadoria cabe ao
papa João Paulo 2º.
Os cardeais
estão no segundo escalão
da hierarquia da igreja, atrás apenas do papa. Entre suas funções,
está participar da votação que escolhe o papa.
O caso do cardeal arcebispo do
Rio de Janeiro, d. Eugênio de
Araújo Sales é exemplar. Em novembro, ele completa 78 anos, três
anos a mais do que determina a lei
para a aposentadoria.
A permanência de d. Eugênio
chama mais a atenção depois que
o cardeal arcebispo emérito de São
Paulo, d. Paulo Evaristo Arns, foi
aposentado, em abril passado. D.
Paulo é um ano e dois meses mais
novo que d. Eugênio.
Para setores da igreja, principalmente os ligados à ala progressista
do clero, a aposentadoria de d.
Paulo e a manutenção de d. Eugênio revelam que o papa cumpre a
lei de acordo com seus interesses.
Desde que assumiu o papado,
em 1978, João Paulo 2º deixou claro sua preferência pelo clero conservador. Expoente do clero progressista, d. Paulo teve sua arquidiocese dividida em 1989 e
perdeu todos
os cargos que
possuía no Vaticano. Já d.
Eugênio não só
manteve os
que tinha como foi convidado para novos postos-chaves em
Roma.
Para o padre
Fernando Altemeyer, do Vicariato da Comunicação da
Arquidiocese
de São Paulo, o papa usou "dois
pesos e duas medidas" com d.
Paulo. "Essa parcialidade do papa
desrespeita o Código Canônico e
os bispos que se aposentaram na
idade correta, pois deixa a impressão que eles poderiam ter ficado
mais tempo", diz o padre.
Na carta em que comunicou a
aposentadoria de d. Paulo, o Vaticano ressaltou que o pedido foi
aceito levando em consideração os
problemas de saúde que o cardeal
vinha enfrentando.
Segundo o assessor de imprensa
de d.Eugênio, Adionel Carlos da
Cunha, o cardeal carioca entregou
seu pedido de renúncia ao papa
quando completou 75 anos. "A
decisão cabe exclusivamente ao
papa", disse.
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