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CASO TRT
Investigação sobre a contabilidade dessas instituições mostra destino de R$ 10,9 milhões desviados do fórum
BC apura rastro do dinheiro em 20 bancos
WLADIMIR GRAMACHO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Banco Central (BC) inaugurou uma investigação sobre a
contabilidade de 20 bancos que
conhecem o destino de R$ 10,9
milhões desviados do orçamento
do Fórum Trabalhista de São Paulo. Essas instituições guardam os
segredos sobre os beneficiários de
mais de 800 ordens de pagamento
levantadas pela CPI do Judiciário
e obtidas ontem pela Folha.
Os fiscais do BC querem obter
diretamente dos bancos informações sobre o destino do dinheiro.
Procurada pela Folha, a assessoria de imprensa do BC confirmou
a investigação, mas se negou a comentar o caso enquanto a fiscalização estiver em andamento.
Os dados bancários das empresas, que devem ser enviados pela
CPI ao Ministério Público nos
próximos dias, mostram o rastro
de boa parte do dinheiro desviado
da construção do tribunal.
Ao todo, R$ 169 milhões escaparam do orçamento da obra e parcela disso foi parar em contas que
o Ministério Público ainda desconhece.
Alguns beneficiários, entretanto, já podem ser identificados. A
corretora Split, uma das envolvidas em outro escândalo que chocou o país -o dos precatórios -,
recebeu pelo menos US$
319.063,67 em suas contas. O dinheiro foi depositado pela Construtora Incal, em 1993, por meio
de duas ordens de pagamento.
A ordem 794746 foi emitida por
essa empresa em favor da Split no
dia 27 de setembro de 1993. Valor:
US$ 162.892,98.
A segunda ordem, de número
794908, foi emitida três dias depois, em 30 de setembro. Valor:
US$ 156.170,69.
O banco que mais concentra ordens de pagamento levantadas
pela CPI, em apenas uma das planilhas, é o Cidade, com 512 registros. Por ali passaram R$ 4,180
milhões depositados pelas empresas envolvidas no esquema de
desvios -Construtora Incal,
Grupo Ikal e Grupo Monteiro de
Barros, entre outros.
Pelo Banco do Brasil passaram
R$ 3,132 milhões, ali depositados
em 55 ordens de pagamento. O
banco Safra recebeu 190 depósitos, que totalizaram R$ 1,583 milhão. No Pactual, apenas um registro foi encontrado, mas no valor de R$ 511 mil.
A lista de bancos elaborada pela
CPI também inclui: Crefisul, Banco do Estado de Santa Catarina
(Besc), Excel, Banco Fiat, HSBC
Bamerindus, Itaú, Noroeste, Banco Real, Sudameris do Brasil, Banestado, Bankboston, Caixa Econômica Federal, Unibanco, Banco
Antônio de Queiroz, Boa Vista e
Bradesco.
Há na lista de beneficiários empresas e pessoas desconhecidas,
sobre as quais é preciso conferir
nomes e dados fiscais (CPF ou
CGC) antes de concluir sobre irregularidades em cada operação.
A apuração preliminar feita pela
CPI, entretanto, indica que alguns
deles podem ser "laranjas". Assim
são conhecidas as pessoas que, de
forma consentida ou não, emprestam seu nome e documentos
a transações irregulares para esconder os verdadeiros beneficiários.
Quando tiverem em mãos os
documentos da CPI, os procuradores da República Guilherme
Schelb e Luiz Francisco de Souza
pretendem solicitar a colaboração
do Coaf (Conselho de Controle de
Atividades Financeiras), agência
do governo encarregada de combater a lavagem de dinheiro.
Procurada pela Folha, a presidente do Coaf, Adrienne Senna,
não foi encontrada ontem. Sua secretária informou que ela estava
em férias.
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