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Seguradora põe à venda imóvel da
Cosesp transferido sem licitação
ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Sul América Seguros pôs à
venda o prédio que recebeu da
Cosesp (Companhia de Seguros
do Estado de São Paulo) como
"reserva técnica" da carteira de
seguros de automóveis, transferida para ela sem licitação.
O grupo Meta -do qual Eduardo Jorge Caldas, ex-secretário da
Presidência, foi sócio- prestou
assessoria à seguradora para que
o negócio fosse fechado.
O prédio da rua Líbero Badaró,
119 (região central de São Paulo),
foi repassado à Sul América por
R$ 5,3 milhões como parte do pagamento de R$ 33 milhões para
que a empresa passasse a administrar 99,9% da carteira de automóveis da Cosesp.
Para autorizar a transferência
de carteiras de seguros, a Susep
(Superintendência de Seguros
Privados) exige que também haja
a transferência da "reserva técnica" -valor que garante o pagamento dos sinistros.
Isso ocorre porque os prêmios
são pagos pelos segurados à dona
original da carteira, mas, com a
transferência, a responsabilidade
pelos sinistros passa a ser de
quem recebeu a carteira.
De acordo com a Cosesp, "a inclusão do imóvel na negociação
não preconiza uma operação pura e simples de venda", visto que o
imóvel "está vinculado à Susep
para composição e garantia de reservas técnicas".
Segundo a companhia, o prédio
havia sido avaliado por R$ 1,8 milhão a menos do que o valor pelo
qual ele foi negociado.
Investigação
O Ministério Público do Estado
de São Paulo e o Ministério Público Federal apuram a legalidade da
transferência da carteira.
Os procuradores da República
pretendem investigar qual foi o
papel de Eduardo Jorge na negociação entre a Cosesp e a Sul América Seguros.
Desde fevereiro do ano passado,
ele tem 10% das cotas da Meta. A
empresa prestou assessoria para a
Sul América em julho de 1998.
A Promotoria da Cidadania do
Ministério Público estadual apura
se há irregularidades no processo,
principalmente em relação à ausência de licitação e a eventuais
prejuízos sofridos pela Cosesp.
Caso seja proposta ação judicial
para anular o negócio, a Sul América pode ser obrigada a devolver
o prédio que colocou à venda.
A Cosesp informou que as quatro maiores companhias de seguros do país -Itaú, Bradesco, Porto Seguro e Sul América- foram
convidadas para receber sua carteira de automóveis.
Só as duas últimas teriam apresentado propostas. A Sul América
teria sido escolhida por ter oferecido, segundo a Cosesp, "as melhores condições técnicas".
A assessoria de imprensa da
Meta informou que Eduardo Jorge não teria participado de nenhuma negociação da área de seguros. A participação dele na empresa seria como estrategista.
A assessoria informou ainda
que EJ vai vender sua participação
da Meta. Ele teria resolvido deixar
a empresa quando foi revelada a
vinculação dele ao caso do TRT.
A assessoria de imprensa da Sul
América informou que Minas
Mardirossian, vice-presidente de
produção da empresa, falaria hoje
sobre o caso com a Folha.
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