São Paulo, sexta-feira, 21 de julho de 2000


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Seguradora põe à venda imóvel da Cosesp transferido sem licitação

ROBERTO COSSO
DA REPORTAGEM LOCAL

A Sul América Seguros pôs à venda o prédio que recebeu da Cosesp (Companhia de Seguros do Estado de São Paulo) como "reserva técnica" da carteira de seguros de automóveis, transferida para ela sem licitação.
O grupo Meta -do qual Eduardo Jorge Caldas, ex-secretário da Presidência, foi sócio- prestou assessoria à seguradora para que o negócio fosse fechado.
O prédio da rua Líbero Badaró, 119 (região central de São Paulo), foi repassado à Sul América por R$ 5,3 milhões como parte do pagamento de R$ 33 milhões para que a empresa passasse a administrar 99,9% da carteira de automóveis da Cosesp.
Para autorizar a transferência de carteiras de seguros, a Susep (Superintendência de Seguros Privados) exige que também haja a transferência da "reserva técnica" -valor que garante o pagamento dos sinistros.
Isso ocorre porque os prêmios são pagos pelos segurados à dona original da carteira, mas, com a transferência, a responsabilidade pelos sinistros passa a ser de quem recebeu a carteira.
De acordo com a Cosesp, "a inclusão do imóvel na negociação não preconiza uma operação pura e simples de venda", visto que o imóvel "está vinculado à Susep para composição e garantia de reservas técnicas".
Segundo a companhia, o prédio havia sido avaliado por R$ 1,8 milhão a menos do que o valor pelo qual ele foi negociado.

Investigação
O Ministério Público do Estado de São Paulo e o Ministério Público Federal apuram a legalidade da transferência da carteira.
Os procuradores da República pretendem investigar qual foi o papel de Eduardo Jorge na negociação entre a Cosesp e a Sul América Seguros.
Desde fevereiro do ano passado, ele tem 10% das cotas da Meta. A empresa prestou assessoria para a Sul América em julho de 1998.
A Promotoria da Cidadania do Ministério Público estadual apura se há irregularidades no processo, principalmente em relação à ausência de licitação e a eventuais prejuízos sofridos pela Cosesp.
Caso seja proposta ação judicial para anular o negócio, a Sul América pode ser obrigada a devolver o prédio que colocou à venda.
A Cosesp informou que as quatro maiores companhias de seguros do país -Itaú, Bradesco, Porto Seguro e Sul América- foram convidadas para receber sua carteira de automóveis.
Só as duas últimas teriam apresentado propostas. A Sul América teria sido escolhida por ter oferecido, segundo a Cosesp, "as melhores condições técnicas".
A assessoria de imprensa da Meta informou que Eduardo Jorge não teria participado de nenhuma negociação da área de seguros. A participação dele na empresa seria como estrategista.
A assessoria informou ainda que EJ vai vender sua participação da Meta. Ele teria resolvido deixar a empresa quando foi revelada a vinculação dele ao caso do TRT.
A assessoria de imprensa da Sul América informou que Minas Mardirossian, vice-presidente de produção da empresa, falaria hoje sobre o caso com a Folha.


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