São Paulo, domingo, 21 de julho de 2002

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Para Brizola, Ciro daria força ao trabalhismo

MURILO FIUZA DE MELO
DA SUCURSAL DO RIO

A subida do candidato da Frente Trabalhista (PTB-PDT-PPS) à Presidência, Ciro Gomes, deixou o ex-governador Leonel Brizola eufórico nos últimos dias. Do alto dos seus 80 anos -55 de vida pública-, Brizola vê, numa eventual vitória de Ciro, a volta por cima do trabalhismo e a derrota do petismo, objetivos que persegue desde a volta do exílio, em 1979.
"Em quase um ano de convivência, já conseguimos aparar nossas arestas. Assim que Ciro for empossado, realizaremos a fusão do PDT com o PTB, de onde nascerá um novo partido trabalhista", afirma o líder do PTB na Câmara, Roberto Jefferson.
Em 1980, Brizola não conseguiu retomar a sigla do velho PTB das mãos de Ivete Vargas, fundou o PDT e, de quebra, viu Lula (PT) lhe roubar a bandeira de principal nome da oposição no país.
Brizola ainda chegou a ser governador do Rio por duas vezes (1983-87 e 1991-93), mas foi perdendo o brilho político. Desde então, manteve uma relação tumultuada com Lula, que lhe tirou, por uma diferença de 450 mil votos, a vaga para disputar o segundo turno com Fernando Collor de Mello nas eleições presidenciais de 1989.
"A vitória de Ciro não será apenas eleitoral. Ela terá um grande significado político para o ex-governador Brizola", reforça o candidato da Frente Trabalhista ao governo do Rio, Jorge Roberto Silveira.
Um exemplo sempre citado pelos colaboradores do líder pedetista, para lembrar que ele acredita, de fato, na retomada do trabalhismo, é o da convenção nacional da Frente, em Pindamonhangaba (SP), no mês passado.
Emocionado, Brizola leu a carta-testamento de Getúlio Vargas e disse que há "22 anos" esperava por aquele momento.
Segundo o líder do PTB, Brizola foi o primeiro a lutar pelo apoio do PFL a Ciro. Esbarrou numa forte oposição do presidente do PPS, Roberto Freire, mas ganhou a disputa.
Logo depois, soube engolir a derrota com a indicação, por parte do PPS gaúcho, do desafeto Antônio Britto para disputar o governo do Estado. Com o apoio do PTB, lançou o vereador pedetista José Fortunatti, mas manteve o apoio ao presidenciável do PPS.
"A Frente foi constituída para eleger o Ciro. Depois, cada um tem o seu caminho. A nossa relação é com o Ciro e não com a pessoas que vierem por outros partidos a apoiá-lo", afirma o deputado federal Miro Teixeira (PDT-RJ), um dos defensores, dentro do PDT da aliança do partido com Lula já no primeiro turno.



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