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Corrêa faz apelo contra paralisação
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Porta-voz do Judiciário nas negociações da reforma da Previdência, o presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Maurício Corrêa, fez um apelo aos juízes
que ameaçam entrar em greve e
disse que uma eventual paralisação fere a Constituição.
"Uma greve dos juízes é inconstitucional. Como presidente do
Supremo e magistrado não posso
conceber que a magistratura faça
greve", disse. "Não há razão para
desespero, tenho a esperança total
e absoluta de que a Câmara vá reverter isso", completou.
Corrêa se referia a um ponto do
projeto de reforma da Previdência: o teto da remuneração dos Judiciários estaduais em 75% do salário dos ministros do STF, o que
hoje representaria R$ 12.877,50.
Na semana retrasada, o governo
havia acenado com um teto
maior, de 90,25% do vencimento
dos ministros do Supremo, ou R$
15.495,92. A concessão, porém, foi
desautorizada pelo presidente
Luiz Inácio Lula da Silva, que era
pressionado por governadores.
Corrêa, no entanto, confia em
que o "acordo" selado anteriormente na casa do presidente da
Câmara, João Paulo (PT-SP), seja
honrado. O deputado não foi localizado ontem no interior de São
Paulo para falar sobre a convicção
do presidente do Supremo.
Coube a João Paulo coordenar
as negociações da reforma da Previdência. Na última quinta-feira,
depois de definidos os detalhes do
parecer do relator José Pimentel
(PT-CE), o presidente da Câmara
tranquilizou Corrêa pelo telefone.
Para manter aberto o canal de
negociação com o governo e o
Congresso, o presidente do STF
trabalha para conter a greve dos
juízes, que será discutida hoje:
"Espero que eles não entrem em
greve, atendam ao meu apelo e
aguardem a votação na comissão
especial".
"Vamos continuar dialogando", disse o relator José Pimentel,
que volta a se reunir hoje com o
colégio de líderes da base governista. Ele deixou claro, porém,
que uma concessão no chamado
subteto dependerá de um aceno
dos governadores.
O relatório da reforma deverá
ser votado na comissão especial
da Câmara até 1º de agosto, a sexta-feira da próxima semana. Só
depois irá ao primeiro teste no
plenário da Câmara. A emenda
constitucional tem de passar por
dois turnos de votação em cada
uma das Casas do Congresso e
precisa de 60% dos votos (308 deputados e 49 senadores).
Com as concessões feitas na semana passada com o aval do presidente Lula, a ameaça de greve ficou restrita ao Judiciário nos Estados, segundo avaliação do governo. Os juízes federais foram
atendidos com a garantia de vencimentos integrais e repasse dos
reajustes às aposentadorias desde
que tenham mais de 20 anos de
serviço público e dez anos no cargo, além de 60 anos de idade (homens) e 55 anos (mulheres).
Em fevereiro de 2000, o então
presidente Fernando Henrique
Cardoso enfrentou a ameaça de
greve dos juízes por aumento salarial. A greve foi contida por uma
decisão polêmica do ministro do
STF Nelson Jobim, que concedia
reajuste salarial disfarçado em auxílio-moradia.
Além do chamado subteto salarial dos juízes nos Estados, o presidente do STF insiste em que o
próprio Judiciário venha a regulamentar o fundo de pensão para os
futuros servidores do Poder.
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