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FUNCIONALISMO NO AGRESTE
Em Caetés, prefeitura é o maior empregador
Servidor "sustenta" terra natal de Lula
FÁBIO GUIBU
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CAETÉS (PE)
Em Caetés, terra natal do presidente Luiz Inácio Lula da Silva,
a cada grupo de 25,7 habitantes
existe uma pessoa trabalhando
para a prefeitura. Ninguém emprega tanto na cidade quanto o
Executivo municipal.
Localizada a 245 km de Recife,
no agreste pernambucano, Caetés depende economicamente
do funcionalismo. Os servidores
injetam todos os meses na cidade R$ 300 mil dos seus salários, o
equivalente a cerca de 50% da
receita total da prefeitura.
Poderia ser mais, se parte do
funcionalismo não recebesse
menos de um salário mínimo.
Em Caetés, até parentes de Lula
que são servidores municipais
concursados recebem R$ 151.
Cerca de 70% dos servidores
trabalham nas áreas da saúde e
educação. Não há indústrias,
construções com mais de dois
andares nem sistema de esgoto.
Com a seca, a cidade passou a
depender outra vez dos carros-pipa. Uma lata de água "para beber", com capacidade para 20 litros, custa R$ 0,50. Água de graça, só quando passam os carros
da prefeitura ou do Estado.
Quem não tem dinheiro paga
depois. Em Caetés, as vendas só
crescem nos primeiros 15 dias
do mês, quando os servidores
municipais e os aposentados rurais recebem. "Depois disso,
70% das vendas são fiado", diz
José Antonio Filho, 48, dono do
mercado Padre Cícero. Sem os
servidores e os aposentados,
afirma, "a cidade fecharia".
O prefeito José Luiz de Lima
Sampaio (PT), 51, reclama da
queda no repasse do Fundo de
Participação dos Municípios e
diz que a falta de verba impede o
pagamento do mínimo a todos
os servidores. Mas diz que vai se
adequar "à lei até janeiro".
Com 24.097 habitantes, Caetés
tem apenas 5.505 pessoas na zona urbana. Dos 919 funcionários
efetivos e contratados a serviço
da prefeitura, 553 atuam na educação, a maioria em escolas rurais. É o caso de Lindinalva de
Melo Santos, 53, prima do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Servidora há 14 anos, trabalha
como professora leiga de corte e
costura no sítio onde mora.
Ela ensina sua arte a dez alunas. Pelo trabalho recebe R$ 151
líquidos por mês. "É pouco, mas
é o único dinheiro que vem com
certeza." Para ela, Lula trabalha
"para todos" ao priorizar as reformas no início de mandato.
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