São Paulo, terça, 21 de julho de 1998

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AÇÃO
Entidade declara apoio a Lula
Contag quer assentar 4 milhões

Alan Marques/Folha Imagem
Manifestação do Grito da Terra na Esplanada dos Ministérios


ABNOR GONDIM
da Sucursal de Brasília

Uma semana depois de definir apoio à candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a Contag (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura) começou ontem a apresentar ao governo FHC reivindicações que nem mesmo um eventual governo petista se dispõe a atender.
A reivindicação mais polêmica é o assentamento de 4 milhões de famílias de sem-terra, com a desapropriação de 50 milhões de hectares por ano. "Acho que vai faltar gente para assentar", disse à Folha por telefone José Graziano, assessor de Lula para política agrícola.
A promessa de Lula é assentar 1 milhão de famílias em quatro anos. Isso significa quase quatro vezes a meta de assentamento planejada pelo governo FHC.
A proposta de reforma agrária da Contag está incluída na pauta de reivindicações do protesto 5º Grito da Terra Brasil, que começou ontem com uma passeata de trabalhadores rurais.
O símbolo do protesto é um peru. No ano passado, os participantes do movimento invadiram o Ministério do Planejamento e colocaram um peru na mesa do então ministro Antonio Kandir.
O assessor de Lula disse que desconhecia a proposta da Contag para a ampliação da reforma agrária. Para ele, devem existir no país 4 milhões de agricultores familiares e não de sem-terra.
O apoio da Contag a Lula foi definido em reunião da diretoria. A entidade reúne 24 federações e 3.600 sindicatos de trabalhadores, que representam cerca de 9 milhões de filiados. É a maior entidade representativa de camponeses na América Latina.
Ao ser eleito em abril passado para a presidência da Contag, Manoel dos Santos disse à Folha que iria votar em Lula, mas não queria vincular a entidade a partido político. Na época, a proposta da Contag era assentar 2 milhões de famílias em quatro anos.
"A Contag não pode ser de um partido", disse ele, após ser eleito, referindo-se a seu antecessor, Francisco Urbano, que é da direção nacional do PSDB.
Segundo Santos, o apoio a Lula foi aprovado porque o candidato do PT se comprometeu a apoiar o "Projeto Alternativo de Desenvolvimento Rural Sustentável", elaborado pela entidade.



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