São Paulo, terça, 21 de julho de 1998

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REAÇÃO
Ministros divulgam balanço
Governo diz que ato é "palanque"

da Sucursal de Brasília

O governo se antecipou às manifestações do 5º Grito da Terra Brasil e reuniu ontem três ministros (Raul Jungmann, da Reforma Agrária; Renan Calheiros, da Justiça; e Waldeck Ornélas, da Previdência) para responder à pauta de reivindicações divulgada pelo movimento.
Raul Jungmann aproveitou para criticar a vinculação do movimento à candidatura a presidente de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). "O Grito da Terra não é palanque."
"A Contag vai ter de prestar contas à sociedade, porque palanque é palanque, e reivindicações fazem parte de um outro contexto", disse. A Contag (Confederação dos Trabalhadores na Agricultura) lidera o Grito da Terra.
Jungmann disse ainda que o apoio da Contag a Lula dificulta a continuidade das negociações do governo com os trabalhadores rurais, iniciada há dois meses.
"É difícil para nós levar a negociação porque você não sabe se está falando com o partidário da candidatura Lula ou com o representante da confederação."
Os ministros e o representante do ministério da Agricultura, Benedito Rosa, citaram o presidente Fernando Henrique Cardoso quatro vezes ao fazer o balanço das ações de reforma agrária, crédito rural, combate à violência no campo e concessão de aposentadorias rurais.
Rosa destacou que foi o governo FHC "que criou o Pronaf (programa de crédito aos pequenos agricultores)", que conta em 98 com R$ 2,3 bilhões para emprestar a juros de 5,75% ao ano.
Ornélas disse que neste ano foram concedidas 276 mil novas aposentadorias rurais e que o valor médio dos benefícios da Previdência passou de R$ 158 em 1994 para R$ 234 em 1997 devido "aos aumentos do salário mínimo no governo do presidente Fernando Henrique Cardoso".
Calheiros procurou minimizar, no entanto, a disputa política entre o Grito da Terra Brasil, que se engajou na campanha de Lula, e o governo FHC. "Julgo inteligente divulgar a providência com antecedência e não há nenhuma intenção de esvaziar o movimento."
Segundo Calheiros, o governo faria um balanço de suas ações "independentemente do fato do ato de o Grito da Terra estar vinculado a alguma candidatura".



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