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SUCESSÃO
Em portas de fábricas, Vicentinho quer arrecadar quantia mensalmente para campanha de Lula
CUT quer R$ 3 mi em cofrinhos
PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local
A CUT (Central Única dos Trabalhadores) vai mergulhar de cabeça na campanha do petista Luiz
Inácio Lula da Silva. A partir da
próxima semana, data de pagamento do salário de muitas categorias, sindicalistas da CUT vão
começar a recolher, nas portas das
fábricas, uma contribuição de R$ 1
de cada trabalhador para encher
os cofrinhos do PT.
Segundo o presidente da central,
Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, a idéia é arrecadar pelo menos R$ 3 milhões em cada mês até
a eleição de 4 de outubro. Além
disso, sindicalistas da CUT estão
criando um comitê nacional e vários estaduais com o objetivo de
organizar a militância para trabalhar na campanha do petista.
Na semana passada, os integrantes da Executiva Nacional da CUT
decidiram recomendar o voto a
Lula. Na eleição de 94, a orientação de votar no candidato petista
foi tirada no Congresso Nacional
da central e, em 89, a recomendação só foi dada no segundo turno.
"Não é a CUT como instituição
que está apoiando o Lula, e sim alguns de seus integrantes que têm
liberdade para votar em quem
quiser", explica Vicentinho.
O exército da CUT conta com
2.600 sindicatos, 7.000 dirigentes e
cerca de 5 milhões de trabalhadores. Na tentativa de ampliar sua
base de apoio no mundo sindical,
o candidato vai se reunir com cerca de 2.000 sindicalistas de todo o
Brasil no dia 31 de julho em São
Paulo.
Nesse encontro, vão estar, além
dos representantes de sindicatos
ligados à CUT, gente de outras
centrais, entre elas, a CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores)
e até a Força Sindical, cujo presidente, Luiz Antônio Medeiros,
apóia a reeleição do presidente
Fernando Henrique Cardoso.
Numa outra linha de ação, uma
caravana de cerca de 30 metalúrgicos ligados à CUT começou a percorrer ontem cidades do interior
de São Paulo pedindo votos para
Lula. Um carro de som acompanha a caravana. Os trabalhadores
vão fazer panfletagem e pequenas
reuniões com outras categorias.
O candidato petista também vai
participar de marchas organizadas
pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que
vão sair de várias cidades brasileiras a partir do final deste mês.
Igreja Universal
De olho nos votos dos evangélicos, rebanho que tradicionalmente rejeita sua candidatura, o petista
Luiz Inácio Lula da Silva fez elogios indiretos ao bispo Edir Macedo, dono da Igreja Universal do
Reino de Deus, durante entrevista
ao programa "Paulo Barboza" da
rádio Record de São Paulo, no
qual disse ainda que sempre acreditou em Deus.
"Sei que o tratamento da Igreja
Universal nesta eleição será diferente do dado em 89 e em 94. O
bispo Rodrigues me garantiu que
desta vez não vão me satanizar,
não vão me vender como demônio", disse Lula, referindo-se a
uma conversa que teve com o bispo Carlos Rodrigues, coordenador político da Universal.
Ao falar sobre os problemas da
agricultura nordestina ocasionados pela seca, o candidato petista
mais uma vez fez referência à Igreja Universal do Reino de Deus.
"O bispo Edir Macedo doou 150
toneladas de alimentos para a cidade de Irecê, na Bahia. O governador do PT, Cristovam Buarque,
doou 140 toneladas. Já o governo
federal só deu 7 toneladas", comparou.
Lula manteve um estilo "tucano" durante quase toda a entrevista. Disse que tem contatos com
pessoas da Igreja Católica, mas
também com os evangélicos.
Ao falar sobre comunismo, escorregou. "Nunca fui comunista,
nem nunca deixei de ser. Precisamos construir uma sociedade onde o produto seja distribuído de
forma mais equânime", disse,
acrescentando ainda que "o socialista mais importante do mundo foi Cristo".
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