São Paulo, terça, 21 de julho de 1998

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SUCESSÃO
Em portas de fábricas, Vicentinho quer arrecadar quantia mensalmente para campanha de Lula
CUT quer R$ 3 mi em cofrinhos

PATRÍCIA ANDRADE
da Reportagem Local

A CUT (Central Única dos Trabalhadores) vai mergulhar de cabeça na campanha do petista Luiz Inácio Lula da Silva. A partir da próxima semana, data de pagamento do salário de muitas categorias, sindicalistas da CUT vão começar a recolher, nas portas das fábricas, uma contribuição de R$ 1 de cada trabalhador para encher os cofrinhos do PT.
Segundo o presidente da central, Vicente Paulo da Silva, o Vicentinho, a idéia é arrecadar pelo menos R$ 3 milhões em cada mês até a eleição de 4 de outubro. Além disso, sindicalistas da CUT estão criando um comitê nacional e vários estaduais com o objetivo de organizar a militância para trabalhar na campanha do petista.
Na semana passada, os integrantes da Executiva Nacional da CUT decidiram recomendar o voto a Lula. Na eleição de 94, a orientação de votar no candidato petista foi tirada no Congresso Nacional da central e, em 89, a recomendação só foi dada no segundo turno.
"Não é a CUT como instituição que está apoiando o Lula, e sim alguns de seus integrantes que têm liberdade para votar em quem quiser", explica Vicentinho.
O exército da CUT conta com 2.600 sindicatos, 7.000 dirigentes e cerca de 5 milhões de trabalhadores. Na tentativa de ampliar sua base de apoio no mundo sindical, o candidato vai se reunir com cerca de 2.000 sindicalistas de todo o Brasil no dia 31 de julho em São Paulo.
Nesse encontro, vão estar, além dos representantes de sindicatos ligados à CUT, gente de outras centrais, entre elas, a CGT (Confederação Geral dos Trabalhadores) e até a Força Sindical, cujo presidente, Luiz Antônio Medeiros, apóia a reeleição do presidente Fernando Henrique Cardoso.
Numa outra linha de ação, uma caravana de cerca de 30 metalúrgicos ligados à CUT começou a percorrer ontem cidades do interior de São Paulo pedindo votos para Lula. Um carro de som acompanha a caravana. Os trabalhadores vão fazer panfletagem e pequenas reuniões com outras categorias.
O candidato petista também vai participar de marchas organizadas pelo MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), que vão sair de várias cidades brasileiras a partir do final deste mês.

Igreja Universal
De olho nos votos dos evangélicos, rebanho que tradicionalmente rejeita sua candidatura, o petista Luiz Inácio Lula da Silva fez elogios indiretos ao bispo Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus, durante entrevista ao programa "Paulo Barboza" da rádio Record de São Paulo, no qual disse ainda que sempre acreditou em Deus.
"Sei que o tratamento da Igreja Universal nesta eleição será diferente do dado em 89 e em 94. O bispo Rodrigues me garantiu que desta vez não vão me satanizar, não vão me vender como demônio", disse Lula, referindo-se a uma conversa que teve com o bispo Carlos Rodrigues, coordenador político da Universal.
Ao falar sobre os problemas da agricultura nordestina ocasionados pela seca, o candidato petista mais uma vez fez referência à Igreja Universal do Reino de Deus.
"O bispo Edir Macedo doou 150 toneladas de alimentos para a cidade de Irecê, na Bahia. O governador do PT, Cristovam Buarque, doou 140 toneladas. Já o governo federal só deu 7 toneladas", comparou.
Lula manteve um estilo "tucano" durante quase toda a entrevista. Disse que tem contatos com pessoas da Igreja Católica, mas também com os evangélicos.
Ao falar sobre comunismo, escorregou. "Nunca fui comunista, nem nunca deixei de ser. Precisamos construir uma sociedade onde o produto seja distribuído de forma mais equânime", disse, acrescentando ainda que "o socialista mais importante do mundo foi Cristo".



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