São Paulo, terça, 21 de julho de 1998

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ELEIÇÃO EM NÚMEROS
O eleitor volúvel e a dança dos votos


JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local

De cada 3 eleitores, pelo menos 1 é volúvel. Isto é: admite mudar seu voto. Tudo indica que esses 37% dos eleitores têm feito as intenções de voto nos presidenciáveis oscilarem, segundo pesquisa Datafolha realizada nos dias 8 e 9 de julho.
Não por acaso, esse eleitorado é o mais inseguro em relação à economia. Mais do que os totalmente decididos, os volúveis estão preocupados com o desemprego -58% acham que ele vai aumentar- e com seu poder aquisitivo -30% acreditam que poderão comprar menos daqui para frente.
Os volúveis estão mais concentrados entre as mulheres (42% delas podem mudar seu voto) e entre os jovens de 16 a 24 anos (47% deles ainda admitem trocar de presidenciável).
Essas pessoas são as mais atingidas pelo desemprego.
Segundo o Serviço Estadual de Análise de Dados, o índice é de 22,3% entre as mulheres da Grande São Paulo (contra 16,3% entre os homens) e de 26,5% entre os jovens de 18 a 24 anos (contra 18,9% na média da população).
Provavelmente, foi o eleitor volúvel (e que acha o governo federal regular) que fez a intenção de voto no presidente Fernando Henrique Cardoso cair de 41% em abril para 33% em junho e, mais recentemente, voltar a 40%.
A segunda opção de voto desse eleitor volúvel de FHC é Luiz Inácio Lula da Silva e vice-versa.
Não há dados nas pesquisas que indiquem claramente os motivos da oscilação desse eleitorado entre um e outro presidenciável. Mas, coincidentemente, quando o noticiário é marcado por fatos como seca no Nordeste, saques, desemprego, aumento do preço da cesta básica, essa parcela do eleitorado fica pessimista e opta por um candidato de oposição.
Quando as notícias são outras, como vitórias da seleção na Copa (antes da derrota final), as opções do eleitor volúvel se invertem.
Além disso, 68% dos eleitores tomaram conhecimento de ao menos uma medida do governo pós-queda de FHC nas pesquisas -como liberação de verbas para a casa própria e diminuição das taxas de juros.
Pesquisas de opinião são retratos de um momento, não permitem projeções. Mas quando 37% dos eleitores ainda não estão totalmente decididos, é sinal de que resta muito espaço para mudanças.





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