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ELEIÇÃO EM NÚMEROS
O eleitor volúvel e a dança dos votos
JOSÉ ROBERTO DE TOLEDO
da Reportagem Local
De cada 3 eleitores, pelo menos 1
é volúvel. Isto é: admite mudar seu
voto. Tudo indica que esses 37%
dos eleitores têm feito as intenções
de voto nos presidenciáveis oscilarem, segundo pesquisa Datafolha
realizada nos dias 8 e 9 de julho.
Não por acaso, esse eleitorado é
o mais inseguro em relação à economia. Mais do que os totalmente
decididos, os volúveis estão preocupados com o desemprego
-58% acham que ele vai aumentar- e com seu poder aquisitivo
-30% acreditam que poderão
comprar menos daqui para frente.
Os volúveis estão mais concentrados entre as mulheres (42% delas podem mudar seu voto) e entre
os jovens de 16 a 24 anos (47% deles ainda admitem trocar de presidenciável).
Essas pessoas são as mais atingidas pelo desemprego.
Segundo o Serviço Estadual de
Análise de Dados, o índice é de
22,3% entre as mulheres da Grande São Paulo (contra 16,3% entre
os homens) e de 26,5% entre os jovens de 18 a 24 anos (contra 18,9%
na média da população).
Provavelmente, foi o eleitor volúvel (e que acha o governo federal
regular) que fez a intenção de voto
no presidente Fernando Henrique
Cardoso cair de 41% em abril para
33% em junho e, mais recentemente, voltar a 40%.
A segunda opção de voto desse
eleitor volúvel de FHC é Luiz Inácio Lula da Silva e vice-versa.
Não há dados nas pesquisas que
indiquem claramente os motivos
da oscilação desse eleitorado entre
um e outro presidenciável. Mas,
coincidentemente, quando o noticiário é marcado por fatos como
seca no Nordeste, saques, desemprego, aumento do preço da cesta
básica, essa parcela do eleitorado
fica pessimista e opta por um candidato de oposição.
Quando as notícias são outras,
como vitórias da seleção na Copa
(antes da derrota final), as opções
do eleitor volúvel se invertem.
Além disso, 68% dos eleitores tomaram conhecimento de ao menos uma medida do governo
pós-queda de FHC nas pesquisas
-como liberação de verbas para a
casa própria e diminuição das taxas de juros.
Pesquisas de opinião são retratos
de um momento, não permitem
projeções. Mas quando 37% dos
eleitores ainda não estão totalmente decididos, é sinal de que
resta muito espaço para mudanças.
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