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PF decifra códigos de mensagens
DA REPORTAGEM LOCAL
A Polícia Federal conseguiu decifrar os códigos secretos que os
doleiros utilizavam para trocar
mensagens entre si, do Brasil para
os Estados Unidos ou entre agências americanas, e combinar
transferências bancárias.
Um dos truques consistia enviar
"remessas" de zero centavo. A
operação era feita apenas para
"mandar instruções específicas de
pagamento para a agência, sem
deixar rastros como documentos
por escrito, registros ou gravações
telefônicas". As instruções eram
números e letras que formavam
um código precombinado.
As descobertas da PF foram divulgadas em junho último em artigo assinado pelo perito criminal
Renato Barbosa para a revista da
Associação Nacional dos Peritos
Criminais Federais. Barbosa trabalha no caso Banestado desde o
início e participou das diligências
de 2002 e 2003, com o delegado
José Castilho e o perito Eurico
Montenegro, que apreenderam as
movimentações da agência do
Banestado de Nova York.
Foi com base nas descobertas
dessa equipe que a Promotoria de
Nova York quebrou o sigilo e entregou às autoridades brasileiras
as movimentações da Beacon Hill
Service, base da Operação Farol
da Colina, deflagrada na última
terça-feira em oito Estados.
A PF apurou que a Beacon Hill
foi um dos principais destinos do
dinheiro do Banestado.
"As ordens de pagamento possuíam um sofisticado esquema de
autorização bancária. Eram fórmulas matemáticas, até então indecifráveis, utilizadas na composição dos códigos secretos emitidos pelos clientes brasileiros.
Com dossiê eletrônico, a perícia
decifrou uma das tábuas de senhas de segurança utilizadas pelos doleiros", narrou Barbosa.
O estudo revela outros truques
empregados pelos doleiros, como
o chamado "cadernetão". "Por
meio de uma única ordem de pagamento, as casas de câmbio correntistas do Banestado de Nova
York promoviam diversas transferências internas de dinheiro entre contas correntes."
A ordem de pagamento orientava a retirada de valores de um
"book" (livro ou caderno, daí o
nome da operação) de um doleiro
para outro. O doleiro dava cobertura financeira ao colega que não
tivesse saldo.
Os doleiros também faziam
"operações data neutra". Indicavam como data da transferência
algo como 12/12/12. "A idéia da
organização era garantir que
aquelas instruções de pagamento
não fossem rastreadas. Tais datas
ficavam fora de qualquer lapso
temporal da investigação, tanto
na base de dados quanto nos relatórios de movimentação diária
impressos na agência do Banestado de Nova York", escreveu o perito, em seu artigo.
(RV E LC)
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