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Foco
Caso de dossiê remete a renúncia do presidente americano Richard Nixon
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
Estados Unidos, anos 1970.
O Watergate, escândalo que
levou à renúncia do presidente republicano Richard Nixon,
em 1974, começa dois anos antes, em 1972, quando cinco homens são presos tentando instalar grampos em escritório
democrata, no prédio que emprestou o nome ao caso, em
Washington.
Um dos detidos, soube-se
depois, era James W. McCord
Jr., ex-agente da CIA e funcionário da campanha do partido
governista. Na época, republicanos estavam em plena campanha à reeleição, vencida em
novembro daquele ano com
mais de 60% dos votos. Foi
uma das maiores votações da
história americana, apesar das
crescentes evidências dos vínculos entre a campanha de Nixon e a invasão no Watergate.
A fatura só foi cobrada em
1973, quando dois assessores
da Casa Branca renunciaram
por causa do escândalo.
Brasil, 2006. Na sexta-feira,
o ex-agente da PF Gedimar
Pereira Passos, contratado para trabalhar com "tratamento
de informações" na campanha
de Lula, e o petista Valdebran
Padilha são presos com R$ 1,7
milhão para a compra de dossiê ligando tucanos à máfia
sanguessuga. Em velocidade
impressionante se comparada
ao caso de Nixon, se estabelece vínculo com o Planalto: o já
ex-assessor especial da Presidência Freud Godoy, acusado
de contratar Gedimar, inclusive entregando-lhe o dinheiro.
Apesar da reta final, parece
cedo para prever o efeito do
escândalo nas urnas em 1º de
outubro, quando, segundo as
pesquisas, Lula assegurará
seu segundo mandato. Mais
difícil seria adivinhar como o
imbróglio se desdobrará caso
o petista seja reeleito.
É igualmente cansativo e
necessário lembrar que a história não se repete. E há diferenças óbvias: instituições
americanas em 70, sobretudo
o Congresso, tinham grau de
funcionalidade que provavelmente nunca será alcançado
aqui. E lá era mais fácil separar mocinhos de bandidos. No
caso brasileiro, está claro que
tucanos também terão de explicar os indícios do dossiê.
Vale relembrar dois conselhos do "Garganta Profunda"
ao jornalista Bob Woodward,
do "Washington Post". Há o
famoso "follow the money"
(siga o dinheiro). O outro é:
"Esqueça mitos que a imprensa criou sobre a Casa Branca.
Não são pessoas muito brilhantes, e as coisas saíram do
controle".
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