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PT e oposição negociam alíquota do IR
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A prorrogação da alíquota de
27,5% do IRPF (Imposto de Renda da Pessoa Física), que deveria
retornar aos 25% em janeiro de
2003, virou moeda de troca para
os partidos que integram a base
aliada do atual governo. Para garantir a prorrogação, esses partidos querem que o PT se comprometa com a inclusão de um novo
Refis (Programa de Recuperação
Fiscal) na medida provisória 66.
O Refis foi criado no final de
1999 para atender a empresas em
débito com tributos e contribuições federais, permitindo o parcelamento da dívida em 60 anos, em
média. Cerca de 130 mil empresas
pediram o parcelamento, mas
apenas cerca de 38 mil permanecem no programa. O total da dívida dessas empresas é estimado
em R$ 90 bilhões.
"A maioria das empresas não
conseguiu se enquadrar no programa", disse o deputado federal
Antônio Carlos Pannunzio (SP),
representante do PSDB na negociação da MP 66.
O PT, em princípio, concordou
com a proposta dos governistas,
mas quer restringir os setores beneficiados pelo programa. A MP
66 deve ser votada na terça-feira
da próxima semana. Segundo o líder do governo na Câmara, Arnaldo Madeira (PSDB-SP), ainda
há divergências sobre muitos aspectos da medida provisória que
precisam ser acertados.
Além do Refis, os partidos governistas pretendem também
criar o Simples 3, o sistema simplificado de cobrança de impostos de pequenas e médias empresas, para os setores de saúde e
educação. O PT, por sua vez, apresentaria projeto de lei prorrogando a alíquota de 27,5%, que o deputado Benito Gama (PMDB-BA), relator da MP, mais tarde incluiria em seu parecer.
Prorrogação
Os partidos governistas exigiram que o PT apresente o projeto
de lei porque não querem assumir
sozinhos o desgaste pela prorrogação da alíquota de 27,5% do
Imposto de Renda de Pessoa Física. Em reunião realizada ontem
de manhã, PMDB, PFL, PSDB e
PPB decidiram descartar a maior
parte da MP 66, conhecida como
minirreforma tributária. Há um
entendimento preliminar sobre a
manutenção da alíquota de 1,6%
do PIS-Pasep prevista na MP, mas
excluído o setor de serviços, e a
prorrogação do aumento da CSLL
(Contribuição Social sobre o Lucro Líquido) de 8% para 9%. Entram no projeto o Refis e o Simples 3, em termos ainda a serem
discutidos, e a alíquota de 27,5%.
Os partidos pretendem rejeitar
toda a parte do projeto sobre elisão fiscal, que dá superpoderes
aos fiscais da Receita Federal: "O
acordo é que vai ter acordo. Não
vamos jogar tudo no lixo. Vamos
votar e aproveitar o máximo que
for possível", disse Benito.
Para Madeira, a exclusão do setor de serviços da alíquota de 1,6%
pode comprometer o projeto:
"Melhor ficar como está", declarou. Segundo o líder do governo,
a votação da MP 66 se dará por
meio de um entendimento congressual envolvendo o atual e o
próximo governo do PT.
Interessado em assegurar logo
recursos adicionais decorrentes
da prorrogação da alíquota de
27,5% do IRPF e da CSLL, estimados em R$ 2 bilhões para o governo federal, o PT queria votar a MP
66 ontem, mas teve de ceder à
maioria governista, que decidiu
só votar na próxima terça-feira.
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