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QUESTÃO AGRÁRIA
Ministro culpou as "duríssimas condições fiscais" pelo não-cumprimento dos 60 mil assentamentos neste ano
Rossetto faz mea culpa e distribui autógrafos
DA AGÊNCIA FOLHA, EM BRASÍLIA
DA ENVIADA A UNIÃO DOS PALMARES
O ministro do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, culpou ontem "as duríssimas condições fiscais" e a "falta de recursos"
pelo fato de o governo ter hoje
condições de cumprir apenas a
metade da meta de 60 mil famílias
assentadas até o final deste ano.
Segundo o ministro, a expectativa da pasta é conseguir assentar
até 30 mil famílias em 2003. O presidente do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma
Agrária) também admitiu ontem,
em União dos Palmares (AL), as
dificuldades financeiras da pasta.
Mas, segundo ele, existem hoje 83
mil famílias com processos de assentamento em andamento.
No início do ano, baseado no
orçamento, o Incra anunciou
uma meta de 37 mil famílias. Em
maio, porém, o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, à revelia do
órgão, alçou o número para 60
mil. A partir do ano que vem, o
governo pretende assentar pelo
menos 100 mil famílias/ano.
"Por conta da ausência de recursos. Todos vocês conhecem,
toda a sociedade brasileira acompanha e acompanhou o debate
das duríssimas condições fiscais
do conjunto de mudanças", disse.
Em seguida, sobre o que levou o
governo a definir tal meta mesmo
diante de um orçamento enxuto,
Rossetto afirmou: "Era a nossa
expectativa em janeiro, é assim
mesmo. Todos vocês acompanharam as questões fiscais do governo durante todo este ano".
Já Hackbart disse que Lula determinou prioridade no financiamento da reforma agrária e que
estão ocorrendo reuniões "quase
diárias" com a equipe econômica
para tentar encontrar uma fonte
de recursos alternativa para tocar
o programa.
Rossetto não quis falar sobre as
metas do novo PNRA (Plano Nacional de Reforma Agrária). "Isso
[as metas] é com o presidente."
Vaias, aplausos e café
O ministro foi ontem um dos
convidados de uma conferência
organizada pelos movimentos
sem terra sobre o novo PNRA. Ao
ter seu nome anunciado, os cerca
de 4.000 sem-terra se dividiram
entre vaias e aplausos. Durante o
discurso, entretanto, no qual defendeu uma "reforma agrária
massiva [sic] e de qualidade", o
ministro foi bastante aplaudido.
Rossetto também distribuiu autógrafos em camisas, bonés e bandeiras dos movimentos e tomou
um gole de café preparado por
uma sem-terra. Durante entrevista, o ministro se recusou a comentar o fato de MST, Contag e CPT
terem rotulado de "ridícula",
"mesquinha" e "insuficiente" a
meta de assentamentos predefinida pelo governo para o novo
PNRA (355 mil famílias até 2006).
"Eu não acredito nisso."
Também presente na conferência, o presidente nacional do PT,
José Genoino (SP), defendeu o governo federal.
(EDS e GA)
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