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Agendas de empresário suspeito de contrabando contém nomes de diversos policiais federais e civis de SP
Só após pressão, PF ajuda CPI em buscas
GILMAR PENTEADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Policiais federais de São Paulo se
recusaram ontem a apreender documentos no escritório do empresário chinês naturalizado brasileiro Law Kin Chong, suspeito
de envolvimento com o contrabando, contrariando pedido da
CPI da Pirataria. O impasse só foi
resolvido depois de bate-boca e de
uma ligação da CPI ao superintendente regional da Polícia Federal, Francisco Baltazar da Silva.
Entre os documentos encontrados por deputados e promotores
do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), estavam nove agendas
que continham telefones de policiais federais e civis de São Paulo,
além de cheques e contratos.
Segundo os deputados, o impasse é resultado de um constrangimento existente desde a Operação Anaconda, em 30 de outubro,
quando o delegado José Augusto
Bellini, cargo de confiança de Baltazar, e o agente César Herman
Rodriguez foram presos sem que
a PF paulista fosse avisada.
Com mandados de busca e
apreensão expedidos pela CPI,
uma força-tarefa formada por policiais federais, guardas municipais, promotores e auditores da
Receita Federal entraram de surpresa em dois shoppings administrados por empresas de Law
por volta das 6h de ontem.
No sétimo andar do shopping
25 de Março (centro de SP), o grupo se deparou com o escritório do
empresário. Nas agendas telefônicas, segundo a CPI, existem números de delegacias e celulares de
policiais federais e policiais civis
que devem ser investigados.
O início da confusão
O problema no trabalho de busca iniciou no momento de fazer o
auto de apreensão. Policiais federais afirmaram aos deputados que
o mandado de busca referia-se
apenas a bens suspeitos de serem
contrabandeados ou falsificados.
A retirada de documentos no
local seria ilegal. Advogados de
Law também defenderam que o
mandado não dava direito à entrada do escritório.
A posição dos policiais federais
provocou a reação de deputados e
promotores. Os próprios deputados passaram a coletar o material
e lacrar em sacos plásticos. No
meio da busca, o presidente da
CPI, Luiz Antonio de Medeiros
(PL-SP), ligou para Baltazar. Só
conseguiu resolver a questão depois de ler ao superintendente trechos do mandado de busca.
"Uma policial me disse: "se [os
deputados] não forem embora logo [do escritório], paramos de
apreender", disse a deputada federal Laura Carneiro (PFL-RJ).
"Não há condição de trabalhar
com a Polícia Federal de São Paulo assim", disse a deputada, que
chegou a bater boca com policiais.
Para Medeiros, o mandado de
busca tinha validade para todas as
dependências do prédio. Mas ele
desconversou ao ser questionado
por que ele teve de apelar ao superintendente se o mandado era claro. "Porque a vida é assim. É cheia
de contradições. Empurra para
cá, empurra para lá, mas nós vamos em frente."
A assessoria da PF de São Paulo
e Baltazar não se manifestam sobre a Operação Anaconda.
Os documentos, agendas e cheques encontrados no escritório de
Law serão analisados pela CPI em
Brasília. No material, foram encontrados dois cheques -nos valores de R$ 4.900 e R$ 3.804,54-
em nome de Neusa de Almeida,
suspeita de ser laranja do empresário. Ela foi ouvida anteontem
pela CPI e negou conhecer Law.
O material apreendido também
será usado pelo Gaeco, que vai
apurar a suposta ligação de policiais civis paulistas com a quadrilha que vendia sentenças judiciais. Promotores devem se reunir
hoje com procuradores da República que investigam o esquema.
A separação das apurações também ocorre na investigação sobre
contrabandista Roberto Eleutério
da Silva, o Lobão.
Nos dois shoppings também foi
apreendido grande quantidade de
material supostamente contrabandeado ou falsificado. O material, que tinha lotado 30 caminhões até as 18h de ontem, seria
levado para a Receita Federal.
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