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JANIO DE FREITAS
Puros negócios
Lula não quer que gente do
governo e do PT fale em sua
reeleição. Ele veio para ser diferente. Mas, pelo visto, quer que
ajam sem falar, como ele próprio. Daí a pressão que se inicia
em dois sentidos. Uma, a pretendida investigação das mudanças de partido por deputados, acusados ou suspeitos de o
fazerem em troca de vantagens
até pecuniárias. Outra, a aceleração dos passos para impor a
fidelidade partidária, que impediria novas transferências. Tudo porque o lado oposicionista
do PMDB tem inflado a ponto
de ameaçar a condição do PT de
maior bancada na Câmara.
As duas providências são, sem
dúvida, muito interessantes.
Ainda mais se considerarmos a
necessidade de frear as aquisições feitas pelo governo e, por
conseqüência, o risco que a Presidência da República e a direção petistas correm com a investigação.
Nos dois últimos anos, os jornais tornaram-se farto documentário das operações com
que o governo conduziu transferências no varejo e no atacado,
engordando o que o governismo
chama de "base aliada" e, nela,
o setor mais suscetível às atrações governamentais a cada votação. O inchaço do PTB de Roberto Jefferson, o líder collorista,
ficou registrado como um caso
sem precedente. Assim como o
truque de não fazer transferências para o PT, mas para sucursais partidárias, criado por José
Dirceu quando coordenador político do governo e, em tal condição, da grande onda de conquistas.
Ainda ontem, Lula chamou
Severino Cavalcanti de "companheiro", com o qual, fez questão
de informar, tem o melhor entendimento ao longo do governo. Mas Severino Cavalcanti e
os demais malufistas, como o
próprio Paulo Maluf na orientação do PP e na ajuda eleitoral a
José Serra, não passaram de inimigos a seduzidos por descobrirem encantos insuspeitados em
Lula.
Por falar em conquista, o deputado Miro Teixeira, que há
pouco deixou o PPS com a afirmação de que não entraria mais
em outro partido, mudou depressa ou foi mudado de idéia.
Por acaso ou não, entrou no PT,
que acenava por aí em busca de
um político fluminense a quem
ofertar a candidatura petista ao
governo fluminense. Miro Teixeira, candidato favorito mas
derrotado por Brizola em 82,
desde então é pretendente potencial ao cargo. Mas talvez, em
lugar de conquistado em troca
da candidatura, seja outro seduzido só por encantos especiais
de Lula e José Genoino.
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