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Mortalidade cresce por mudanças na Funasa, diz índio
DA AGÊNCIA FOLHA, EM DOURADOS (MS)
O vice-presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena, o índio Fernando da
Silva Souza, 37, diz que a
mortalidade infantil aumentou nas aldeias porque houve "aparelhamento" na Funasa (Fundação Nacional de
Saúde) -cargos preenchidos por critérios políticos.
Segundo Souza, funcionários dos pólos distritais perderam cargos devido a indicações a partir de 2003.
O médico Zelik Trajber,
58, que presidiu o conselho e
atende crianças índias em
Dourados no PSFI (Programa de Saúde Familiar Indígena), afirma que a mudança na Funasa afetou o trabalho de assistência médica.
O conselho é formado por
índios, agentes da Funasa e
médicos. Segundo Trajber,
médicos não têm como socorrer crianças em desnutrição severa nas aldeias.
O Ministério do Desenvolvimento Social criou em
2003 o programa Fome Zero
Indígena, repassando R$ 5
milhões ao governo de Mato
Grosso do Sul.
Essa verba, segundo o ministério, foi destinada à
compra de sementes, maquinários agrícolas e adubos, atendendo 11 mil famílias indígenas.
A responsabilidade pela
implantação do programa é
do governo de Mato Grosso
do Sul, que se comprometeu
a aplicar mais R$ 500 mil.
"Não temos dez hectares
de arroz plantado por falta
de trator. Três tratores estão
parados na oficina por falta
de pagamento da Funai",
disse o vice-capitão (líder indígena) da aldeia Bororó, o
caiuá Assunção Cáceres, 53.
O presidente do Conselho
dos Direitos Indígenas, o
caiuá Sílvio Paulo, 45, afirma
que as sementes chegam fora de hora do plantio nas aldeias e falta trator para espalhar calcário pela terra.
O caiuá Carlinhos Gonçalves, 23, disse que comprou
30 litros de óleo diesel para
trabalhar a terra, plantando
milho, mas faltou o trator.
Outro lado
O diretor nacional do Departamento de Saúde Indígena da Funasa, Alexandre
Padilha, diz que não existe
interferência política no órgão e na área de assistência.
"Tivemos uma reunião do
Conselho Distrital [de Saúde
Indígena] que aprovou não
só a permanência dos chefes
dos pólos distritais como a
do coordenador regional da
Funasa [Gaspar Hickmann]", disse Padilha.
"Houve apenas substituições de três profissionais de
saúde e todas foram solicitadas pela comunidade indígena", acrescentou o diretor.
Na quinta-feira passada,
em reunião com líderes indígenas em Campo Grande,
Padilha disse que não aceita
mais tratar de "picuinhas".
Hickmann, sindicalista ligado ao PT, atribuiu a acusação de aparelhamento da
Funasa à disputa política entre lideranças indígenas de
Dourados.
(HC)
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