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EXECUTIVO x LEGISLATIVO
Presidente da Câmara diz que Lula sofre derrotas porque não se abre para uma verdadeira coalizão
Governo vive "trancado", afirma Severino
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O governo Luiz Inácio Lula da
Silva coleciona derrotas políticas
porque vive "trancado" e não se
abre a uma verdadeira coalizão.
Foi esse o recado dado ontem pelo presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti
(PP-PE), ao ministro da Coordenação Política, Aldo Rebelo, após
almoço de confraternização com
comandantes da Aeronáutica.
"Esse tema que tem de ser atendido pelo presidente. O que não
pode é o governo ficar trancado,
reduzido a um pequeno número
que só faz ocasionar derrotas",
afirmou Severino, cuja vitória, há
uma semana, é o exemplo mais
recente da falta de articulação política no Congresso.
Desde então, Severino vem se
equilibrando entre um discurso
de independência e crítica do governo com acenos ao Planalto.
Comentando a eleição de Severino, ontem pela manhã, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), disse que o governo precisa aprender com o
episódio. "Não entendo que a vitória do Severino foi conseqüência só do corporativismo, foi conseqüência do cenário de dificuldade de articulação política e de
inserção do governo", disse ele.
Severino já criticou o excesso de
medidas provisórias e as "asneiras" ditas pelo presidente do PT,
José Genoino, mas também mantém pontes com Lula, dizendo
que não quer criar "empecilhos"
ao presidente da República.
Ontem, Severino exercitou sua
face mais crítica. Disse que concorda com avaliação de Renan,
que pediu uma coalizão mais eficiente. "O Renan é sábio, está falando como amigo", disse.
Severino, que lançou suspeitas
de que haveria compra de deputados para ingresso em legendas como o PMDB, mas não apresentou
provas, disse que vai pedir ao corregedor-geral da Câmara, Ciro
Nogueira, (PP-PI), que investigue
o assunto.
"Eu vou consultá-lo [Nogueira],
porque isso é atribuição dele. Tenho certeza que se ele tiver alguma denúncia vai investigar", afirmou o presidente, que pediu à imprensa que colabore se receber algum indício de venda de deputados. "Espero que tenham essas
provas, porque levantar esse clima de desconfiança com todos os
parlamentares é muito ruim."
Rebelo, que tem a cabeça pedida
por vários petistas como culpado
pela derrota na Câmara, não respondeu diretamente a Severino,
dizendo apenas que a conversa foi
"muito boa".
Rebelo elencou três projetos
prioritários para as próximas semanas: a aprovação do projeto de
Biossegurança, o novo formato
das agências reguladoras e a retomada da reforma tributária.
Antes, porém, é preciso limpar a
pauta, que será trancada hoje pela
MP que autoriza a Caixa Econômica Federal a vender diamantes
garimpados nas reservas do índios cinta-larga, no Norte.
Hoje também o PT escolhe, em
reunião da bancada, seu líder. O
favorito é Paulo Rocha (PA), mas
novos nomes podem ser apresentar.
(FÁBIO ZANINI E RANIER BRAGON)
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