São Paulo, domingo, 22 de fevereiro de 1998

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Pastor faz críticas

da Reportagem Local

Pastor da Assembléia de Deus, Túlio Barros Ferreira, considerou "absurda" a fundação de uma igreja voltada para o público homossexual.
"Isso é uma anormalidade, uma profanação do nome de Deus. As igrejas recebem os homossexuais e qualquer outro pecador para que se transformem e se libertem. Uma igreja para conservar isso é um absurdo", afirmou.
Segundo o pastor, a homossexualidade é "uma maldição de Deus". "Serão todos conduzidos pelo diabo à perdição eterna", profetizou. "Deus odeia o pecado, e o homossexual é um pecador."

Moralista
Já o padre José Antonio Trasferetti, coordenador da pastoral dos homossexuais em Campinas (SP), afirmou que o ideal seria que os gays pudessem frequentar as igrejas tradicionais.
"São gente e têm esse direito. Mas minha posição é minoritária. O cristão é muito moralista e preconceituoso. Temos de combater isso de forma lenta."
O pastor presbiteriano Nehemias Marien concordou com a avaliação de Trasferetti.
"Infelizmente tenho de apoiar, pois o certo seria que eles tivessem espaço dentro das igrejas e não precisassem criar a comunidade. Ela acaba sendo uma vergonha para a igreja cristã e um retrocesso para a fé. É a prova de que há discriminação."
O bispo de Jundiaí, d. Amaury Castanho, negou que as igrejas sejam intolerantes em relação aos homossexuais.
"É claro que, na prática, pode haver sacerdotes que os rejeitem, mas são uma minoria. Eu, pessoalmente, sou contra isso. Eles são filhos enfermos da igreja. Precisam ainda de mais atenção do que os outros. A igreja pode ajudar na cura dessas pessoas, acolhendo-as e dando conselhos."
Na avaliação de Elias Lilikã, um dos fundadores da comunidade, a rejeição é maior por parte das igrejas evangélicas.
"Elas são mais incisivas . Em alguns casos, tentam até nos curar", disse.
O pastor Marien afirmou que várias denominações evangélicas chegam a expulsar e excomungar homossexuais.
Segundo ele, experiências semelhantes à desenvolvida pela comunidade de São Paulo já existem na Dinamarca, Inglaterra, Suécia, em várias cidades dos Estado Unidos e em Buenos Aires (Argentina).



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