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Ministro sobrevoa terra indígena e
promete a legalização do garimpo
IURI DANTAS
ENVIADO ESPECIAL A PORTO VELHO (RO)
HUDSON CORRÊA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CACOAL (RO)
O ministro-chefe do Gabinete
de Segurança Institucional da
Presidência, general Jorge Armando Felix, afirmou ontem que
o governo vai elaborar em "curto
para médio prazo" uma legislação
para regularizar a extração de pedras preciosas em reservas indígenas, atividade hoje proibida.
"Isso já vem sendo estudado há
algum tempo, uma legislação
mais abrangente que discipline isso aí. Essa riqueza, se não for convenientemente explorada, vai beneficiar apenas alguns poucos
aventureiros, quando é um patrimônio de todos os brasileiros."
A pedido do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva, Felix sobrevoou ontem a reserva Roosevelt,
em Rondônia, onde 29 garimpeiros foram mortos. O massacre
ocorreu devido à disputa por jazidas de diamantes. A área é habitada por cinta-larga, aos quais garimpeiros atribuem o crime.
Antes de voltar a Brasília, ele
disse que é contra a proibição do
garimpo, acrescentando que "a
própria condição humana não vai
permitir que o garimpo fique intocável": "Desde a Bíblia se briga
por ouro e por pedras preciosas".
Sobre se Lula poderia editar medida provisória com as regras, esquivou-se: "Nós vamos informar
o presidente. E ele, como Executivo, vai tomar sua decisão".
Diante da insistência por um
prazo para a nova legislação, disse
que "não é simples fazer uma legislação dessas, pois envolve interesses muitas vezes conflitantes".
Na operação de ontem, foram
usados dois helicópteros do Exército e um da Polícia Federal. O ministro chegou a Cacoal (RO) num
avião da Força Aérea Brasileira e
embarcou no helicóptero da PF.
O sobrevôo durou duas horas.
"Garimpos enormes, mecanizados. Garimpos hoje desocupados,
vazios, outros que estão sendo
trabalhados. Não vi garimpeiros.
Vi índios garimpando", narrou.
A mineração em terras indígenas está proibida desde 1988 -o
que vale também para os índios- porque a Constituição
prevê mineração em reservas só
após a regulamentação da atividade, o que ainda não aconteceu. Há
projeto no Congresso que permite a atividade, desde que os índios
participem no resultado.
Felix afirmou que apresentará
quatro pontos a Lula: 1) "Enterrar
os mortos, com a dignidade que
merece um cidadão brasileiro"; 2)
"Diminuir a tensão, desarmando
espíritos e pessoas"; 3) "Apurar as
responsabilidades"; e 4) "A necessidade de uma legislação que evite
uma tragédia como essa".
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