São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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Para coordenador, chacina começou depois de ofensa

DA AGÊNCIA FOLHA, EM CACOAL (RO)

A chacina na terra indígena Roosevelt começou quando um garimpeiro chamou os cinta-larga de "vagabundos" e "preguiçosos". "Um guerreiro não agüentou e meteu a flecha", disse o coordenador da Funai, Walter Fontoura Blós.
Os índios mataram 29 garimpeiros de diamantes no dia 7. Blós disse que eles estavam em um grupo de 200 homens que invadiram a reserva e foram surpreendidos pelos índios.
O coordenador da Funai afirmou que os índios não tinham acordo com garimpeiros para permitir a entrada deles na área. Sobreviventes da chacina ouvidos pela Agência Folha afirmaram que houve permissão de um grupo de cinta-larga.
Ainda segundo Blós, o garimpeiro Francisco das Chagas Alves Saraiva, 40, conhecido como Baiano Doido, foi quem xingou os índios e recebeu a primeira flechada. Os cinta-larga usaram espingardas, lanças e flechas. Outros dois garimpeiros ligados a Baiano Doido foram mortos a seguir.
Os índios deixaram os três mortos no local e amarraram os demais para entregá-los na barreira mantida pela Funai e pela Polícia Militar Florestal na entrada da terra indígena. A 2 km do local onde ocorreram as primeiras mortes, os guerreiros decidiram matar todos os 26. "Um garimpeiro falou para o outro que retornaria [à terra indígena] para fazer uma tocaia. Os índios ouviram e resolveram matar", afirmou Blós.
Segundo informações divulgadas ontem pelo chefe da equipe que realizou a necropsia, Claudio de Paula, do Instituto Médico Legal de Porto Velho (RO), dos 29 mortos, 26 foram encontrados com as mãos amarradas com cipós e tiveram como causa mortis pancadas de instrumentos como tacapes. Um deles recebeu um tiro de carabina na perna.


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