São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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TODA MÍDIA

Primavera no FMI

Bem que o Jornal Nacional se esforçou, em manchete:
- O FMI se declara otimista com o Brasil.
Mas não era bem assim. Em contraste, no UOL:
- Previsão do FMI: Brasil cresce menos entre emergentes.
No título ainda mais negativo da agência Reuters, reproduzido por todo lado:
- FMI vê "vulnerabilidade significativa" no Brasil.
 
Há semanas que o país ouve opiniões assim dos analistas atuais do Fundo. O "Financial Times" de ontem talvez ajude a entender, com uma reportagem em que anunciou a Primavera de Washington:
- Quando ministros e bancos centrais do mundo se juntarem no fim de semana para a reunião do FMI, a conversa será sobre mudança na liderança.
O Fundo está há seis semanas sem seu diretor. Deve eleger o espanhol Rodrigo Rato, apoiado de início por Brasil e uns outros -depois por EUA e agora pela União Européia.
Seria uma mudança e tanto, mas não o bastante para reagir à torrente de críticas. O Fundo, diz o "Financial Times", "está sendo puxado em direções opostas" por países emergentes e desenvolvidos.
O jornal destaca a opinião do economista Joseph Stiglitz, que foi do Banco Mundial. Ele não quer nem o espanhol Rato e diz que é hora de um diretor com "experiência de ministro ou de presidente de banco central de um país emergente".
 
Michael Hardt, professor da universidade Duke e co-autor de "Império", tem interpretação própria sobre o enfrentamento de Brasil e FMI, em entrevista ao Dissentvoice.org, da esquerda americana:
- Não faria sentido abrir guerra ao FMI. Na configuração global de hoje, o chefe de Estado não tem alternativa a não ser se acomodar às exigências do FMI. O que Lula pode buscar é fazê-lo de forma que leve suas políticas para a frente.
Hardt criticou o "irrealismo" da esquerda do PT. E completou sua opinião:
- As possibilidades (globais) oferecidas por um governo Lula e um governo Néstor Kirchner são enormes. É um caminho em que as configurações regionais podem influenciar o andamento de muitas das decisões em nível global.

ELEFANTE

"New York Times" e outros mostraram como vivem hoje os alunos e pais da Columbine, a escola em que, há cinco anos, dois estudantes realizaram um massacre.
A revista on-line Slate.com traz o perfil psicológico que o FBI fez dos dois. Um era depressivo, o outro psicopata. A Slate derruba alguns dos mitos criados então: eles não eram "perdedores", pelo contrário, tinham festa com amigos todo fim de semana; e não gostavam de Marilyn Manson, pelo contrário, eles o "odiavam" e apreciavam, segundo o diário deles, "techno, tipo Prodigy, Orbital". Um mito que se confirmou no diário: os dois pensaram, de fato, em tomar um avião e jogar sobre Nova York.
PS - Se você não suportou aqueles estudantes andando sem parar em "Elefante", o filme que retrata Columbine, entre no site do jogo Counter-strike. O filme é um game.

LIBERAÇÃO

O ministro Gilberto Gil foi ao Museu de Arte Moderna, em São Paulo, e tornou pública uma possível solução -de que poucos falam, mas muitos concordam- para a violência que tomou o Rio de Janeiro.
A rádio Jovem Pan destacou. De uma repórter, depois de ouvir Gil lamentar os confrontos:
- Onde está a solução?
E o ministro:
- Não sei. Não sei, não. Eu posso ter... Como cidadão, eu posso ter algumas idéias. E uma delas, com que muita gente concorda, mas que é uma questão difícil, que é o desaparecimento do tráfico com a liberação.

No Rio
A situação aparentemente sem saída da violência no Rio leva a opiniões extremas.
O jornalista Zuenir Ventura, no site Nominimo.com, joga a "culpa" naqueles que votaram na família Garotinho:
- O Rio de Janeiro é metido a crítico, esperto, perspicaz, mas não sabe votar.

Quem manda
Alguns jornais pela América Latina, como o mexicano "La Crónica de Hoy", destacaram uma das conclusões paralelas do estudo das Nações Unidas sobre democracia.
Para 231 "líderes de opinião" ouvidos em 18 países da região, não são os governantes eleitos que detêm o poder.
Para 79,7%, quem manda são "grupos econômicos, financeiros e empresariais". Para 65,2%, são "meios de comunicação". Para distantes 36,4%, finalmente, é o Poder Executivo.

Voto eletrônico
Se a democracia por aqui não é bem cotada, o voto eletrônico brasileiro vai bem, pelo mundo. Jornais como o "Wall Street Journal" noticiam as eleições na Índia destacando que é feita por computador, "a exemplo do que ocorre no Brasil".
E a agência espanhola EFE, em vários jornais latino-americanos, noticiou ontem que especialistas do Tribunal Superior Eleitoral do Brasil estão no Equador, para mostrar como se faz.

Efeito Lula
Segundo o "Financial Times", o favorito para o lugar de Vicente Fox no México, o esquerdista Andrés Obrador, vem dividindo o empresariado local.
Uns sonham com um "efeito Lula", imaginando que é "um novo Lula" que faria reformas apoiadas por eles. Outros temem que não passe de um novo Hugo Chávez, "que jogou a Venezuela na crise".


VERDE Sites do Greenpeace no Brasil e pelo mundo destacam o esforço da organização no combate aos transgênicos no Brasil, com direito a cenas de navios abordados por seu barco brasileiro (acima)

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