São Paulo, quinta-feira, 22 de abril de 2004

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ELEIÇÕES 2004

Governador de São Paulo vai interferir em processo de escolha do candidato do PSDB à prefeitura da capital

Alckmin escolhe Saulo e tenta barrar prévia

JULIA DUAILIBI
DA REPORTAGEM LOCAL

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, deverá anunciar apoio à candidatura do secretário da Segurança Pública, Saulo de Castro Abreu Filho, à prefeitura paulistana, a fim de tentar evitar que o PSDB realize a pré-convenção, marcada nesta semana para o dia 16 de maio.
Em uma defesa velada a Saulo, e antecipando o que deverá ser uma estratégia de campanha, caso o secretário seja mesmo o candidato do PSDB, o governador culpou o governo federal pela falta de segurança no país.
Ontem Alckmin admitiu publicamente que deverá anunciar, como "militante e filiado", em data próxima à convenção, o nome do tucano que receberá o seu apoio.
"O governo do Estado não tem candidato. Isso não é uma tarefa de governo. Eu, enquanto militante e filiado, no momento certo, vou declarar em quem vou votar", disse. Ao ser questionado sobre se o seu candidato será Saulo, Alckmin respondeu: "Pode ser". E completou: "Mas não é no dia 16 de maio? Está longe".
Alckmin deverá aguardar o movimento dos outros três pré-candidatos do partido nos próximos 15 dias antes de anunciar seu apoio ao secretário. Na avaliação de pessoas próximas ao governador, ao divulgar publicamente o nome de seu candidato, o tucano pretende inibir as outras pré-candidaturas do PSDB e evitar a prévia antecipada na qual seria testada a sua força dentro da legenda.
Os deputados federais Walter Feldman e Zulaiê Cobra e o ex-presidente do PSDB José Aníbal, no entanto, insistem em manter suas pré-candidaturas.
Alckmin defendeu a pré-convenção, solução encontrada até o momento pelo PSDB para definir o candidato do partido na eleição paulistana, já que não existe consenso em torno de um nome.
"O PSDB tomou uma decisão que me parece correta, adequada. [A pré-convenção] mostra vitalidade do partido", disse.

Sem tradição
Votarão na prévia antecipada 980 delegados tucanos. Pode ser suspensa se o presidente do PSDB, José Serra, decidir sair candidato. O tucano, no entanto, já declarou não querer participar da disputa. Feldman, Zulaiê e Aníbal aceitam abrir mão das candidaturas em favor de Serra, mas não de Saulo, considerado por eles um nome sem tradição no partido.
Sem citar Saulo, Alckmin disse que a criminalidade no país está se "agravando" e que, para coibi-la, é necessário aumentar os esforços contra a entrada de armas no Brasil e o tráfico de drogas, além de melhorar o policiamento nas fronteiras. Todas essas ações dizem respeito à Polícia Federal, ligada ao Ministério da Justiça.
O tucano afirmou que no encontro com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na próxima segunda-feira, tratará do "problema grave na área de segurança".
Para o governador, a situação da segurança "está se agravando" em razão da questão econômica e do baixo crescimento do país.
"A gravidade da situação da segurança no país até uma criança enxerga. A situação está se agravando em razão da questão econômica, do baixo crescimento e das dificuldades todas nessas áreas", disse o tucano, após cerimônia de criação do Conselho dos Povos Indígenas do Estado.
Disse que o dinheiro de dois fundos que prevêem recursos para o setor, o Fupen (Fundo Penitenciário Nacional) e o Fundo Nacional de Segurança Pública, não foi enviado pelo governo federal.


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