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EVENTO FOLHA
Para professor da USP, escolha também depende da identificação
Tese resgata a ideologia do voto
DA REDAÇÃO
Não é possível excluir a influência da
ideologia nas escolhas feitas pelo eleitor na hora de votar. A tese é do professor André Singer, da Universidade de São Paulo, no livro "Esquerda e Direita no Eleitorado
Brasileiro", lançado em debate na
Folha na última quarta-feira.
A influência pressupõe um reconhecimento, ainda que difuso,
das categorias de esquerda e direita por parte do eleitorado médio.
"Acho que estou defendendo
uma tese incômoda", disse ele, ao
iniciar o debate, promovido em
conjunto com a Edusp e que teve
a participação do líder petista
Luiz Inácio Lula da Silva, do economista Eduardo Giannetti da
Fonseca e do sociólogo Antonio
Manuel Teixeira Mendes, superintendente do Grupo Folha. O
mediador foi o editor de Brasil da
Folha, Plínio Fraga.
A identificação ideológica, para
Singer, estaria entre fatores de
longo prazo que, com aspectos
imediatos, determinam o voto.
"O eleitorado médio reconhece o
que são as categorias ideológicas,
mas não estrutura a resposta sobre o que são essas categorias como a elite costuma conceituar."
Para ele, apenas o fator ideológico poderia explicar o fato de a esquerda ter tido um terço dos votos em 1994, ainda que o mesmo
grupo de eleitores apoiasse a queda da inflação no Plano Real.
Eduardo Giannetti da Fonseca
contestou no debate parte da tese.
Para ele, a oposição absoluta entre
esquerda e direita só existe quando há polarização do eleitorado,
como no regime militar.
"Era uma polarização muito
clara entre quem era contra e
quem era a favor", afirmou.
Para Luiz Inácio Lula da Silva, a
definição ideológica não é muito
forte, no país, mas as pesquisas
apontam certas tendências.
"As pesquisas têm um retrato
fiel de que, à medida que começa
a subir o nível salarial, o voto começa a ser conservador. Eu até
entendo, porque essas pessoas
têm o que conservar mesmo."
Antonio Manuel Teixeira Mendes comparou o estudo de Singer
com pesquisa do Datafolha no
Congresso em 95. Apenas 10%
dos deputados e senadores se diziam de direita ou centro-direita.
Na pesquisa de Singer, a maioria dos eleitores se identificava
com a direita. "Para o eleitorado,
parece que não é um fantasma tão
grande se colocar no espectro da
direita quanto do ponto de vista
dos congressistas", disse Mendes.
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