São Paulo, segunda-feira, 22 de maio de 2000


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EVENTO FOLHA
Para professor da USP, escolha também depende da identificação

Tese resgata a ideologia do voto

DA REDAÇÃO


Não é possível excluir a influência da ideologia nas escolhas feitas pelo eleitor na hora de votar. A tese é do professor André Singer, da Universidade de São Paulo, no livro "Esquerda e Direita no Eleitorado Brasileiro", lançado em debate na Folha na última quarta-feira.
A influência pressupõe um reconhecimento, ainda que difuso, das categorias de esquerda e direita por parte do eleitorado médio.
"Acho que estou defendendo uma tese incômoda", disse ele, ao iniciar o debate, promovido em conjunto com a Edusp e que teve a participação do líder petista Luiz Inácio Lula da Silva, do economista Eduardo Giannetti da Fonseca e do sociólogo Antonio Manuel Teixeira Mendes, superintendente do Grupo Folha. O mediador foi o editor de Brasil da Folha, Plínio Fraga.
A identificação ideológica, para Singer, estaria entre fatores de longo prazo que, com aspectos imediatos, determinam o voto. "O eleitorado médio reconhece o que são as categorias ideológicas, mas não estrutura a resposta sobre o que são essas categorias como a elite costuma conceituar."
Para ele, apenas o fator ideológico poderia explicar o fato de a esquerda ter tido um terço dos votos em 1994, ainda que o mesmo grupo de eleitores apoiasse a queda da inflação no Plano Real.
Eduardo Giannetti da Fonseca contestou no debate parte da tese. Para ele, a oposição absoluta entre esquerda e direita só existe quando há polarização do eleitorado, como no regime militar.
"Era uma polarização muito clara entre quem era contra e quem era a favor", afirmou.
Para Luiz Inácio Lula da Silva, a definição ideológica não é muito forte, no país, mas as pesquisas apontam certas tendências.
"As pesquisas têm um retrato fiel de que, à medida que começa a subir o nível salarial, o voto começa a ser conservador. Eu até entendo, porque essas pessoas têm o que conservar mesmo."
Antonio Manuel Teixeira Mendes comparou o estudo de Singer com pesquisa do Datafolha no Congresso em 95. Apenas 10% dos deputados e senadores se diziam de direita ou centro-direita.
Na pesquisa de Singer, a maioria dos eleitores se identificava com a direita. "Para o eleitorado, parece que não é um fantasma tão grande se colocar no espectro da direita quanto do ponto de vista dos congressistas", disse Mendes.


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