DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro da Fazenda, Pedro Malan, negou ontem em nota ter participado ou sabido de operação abafa para ocultar "imaginárias negociatas" -supostas vendas de informação privilegiada do BC e chantagem de Salvatore Cacciola contra Francisco Lopes.
Malan classificou a reportagem da "Veja" de "uma salada venenosa de histórias amplamente divulgadas dois anos atrás". O ministro disse que a reportagem "não tem estofo" e que não "apresentou as provas que confirmariam a venda de informações". Segundo a revista, Malan e o então ministro Clóvis Carvalho teriam articulado a demissão de Lopes quando souberam da suposta chantagem.
Na nota, uma carta aberta à revista, Malan acusa a publicação de tirar do contexto uma declaração que "pode não ter sido muito feliz, pois permitiu uma maldosa ilação de que teria um conjunto de coisas ilícitas a esconder".
Malan disse que, indagado por que enviara uma carta a FHC em janeiro de 1999 propondo a substituição dele e de Lopes, respondeu "também em tom de brincadeira": "Não gostaria de entrar em detalhes da história, que ficam para meu livro de memórias que será publicado algum dia, dez anos depois de minha morte".
Repetiu que Lopes não foi demitido por socorrer os bancos Marka e FonteCindam, com prejuízo de R$ 1,6 bilhão ao erário.
Ao dizer que espera que a revista reconheça "que se equivocou", o ministro citou episódio no qual a Folha admitiu um erro.
Ele citou a manchete da Folha: "Malan sabia da ajuda ao Marka, diz PF" (8/5/1999). A ex-ombudsman do jornal Renata Lo Prete, procurada por Malan após relatório da PF não apontar que o ministro sabia da operação, escreveu a crítica "A Nossa Manchete Errada" (24/9/ 2000). O diretor de Redação da Folha, Otavio Frias Filho, disse à então ombudsman: "O jornal errou ao confiar em fontes cujas informações não se comprovaram".