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ESQUELETO DO BC
Números seriam usados por Francisco Lopes; Ministério Público deve pedir quebra de sigilo de conta nas Bahamas
Procurador diz que já sabia de celulares
DA SUCURSAL DO RIO
O procurador da República Artur Gueiros disse ontem que os
celulares citados pela revista "Veja", pelos quais o ex-presidente do
BC (Banco Central) Francisco Lopes passaria informações sobre
juros e câmbio a Luiz Augusto
Bragança -irmão de Sérgio Bragança, seu sócio na empresa de
consultoria Macrométrica- e ao
economista Rubem Novaes, já vinham sendo investigados no processo que apura o socorro do governo aos bancos Marka e FonteCindam.
O procurador disse que o Ministério Público Federal do Rio
pedirá à Justiça a quebra do sigilo
bancário de uma suposta conta
pertencente a uma empresa do
banco Pactual no Bank of New
York, com sede nas Bahamas.
Segundo "Veja", parte da remuneração de Lopes pela venda de
informações privilegiadas sairia
dessa conta, em nome da Pactual
Overseas Bank and Trust Limited.
De acordo com Gueiros, a Justiça do Rio concedeu em fevereiro
deste ano, após pedido do Ministério Público, a quebra do sigilo
telefônico dos aparelhos com os
números 9916-2833, 9983-5660 e
9995-5055, supostamente usados
por Luiz Bragança, Novaes e pelo
ex-presidente do BC.
O procurador informou que as
linhas pertencem à Telefônica Celular do Rio de Janeiro e que a empresa ainda não forneceu os dados pedidos pelo Ministério Público, apesar da determinação da
Justiça.
A Folha ligou para os três celulares. Os números 9916-2833 e
9995-5055 estavam fora de área. O
9983-5660 é de Luís Carlos Souza
Fontes. Ele disse ser dono da linha
há vários anos e se mostrou surpreso quando informado que o
número teria sido usado por Luiz
Bragança. Fontes disse que não
conhece Bragança e que não tem
nenhuma ligação com o assunto.
Gueiros não informou desde
quando os procuradores sabiam
da existência dos celulares. Ele
disse que os telefones constam
dos documentos que compõem
as investigações.
Ele também disse que enviaria
ontem ofício à PF (Polícia Federal) determinando abertura de inquérito para apurar o envolvimento do Pactual com um suposto esquema de compra e venda de
informações privilegiadas.
O procurador informou que pedirá à PF todos os documentos
utilizados pela revista "Veja".
"Quanto às fitas, que teriam sido gravadas pelo banqueiro Salvatore Cacciola, ex-dono do Marka, para chantagear Chico Lopes,
elas foram gravadas de forma ilícita e não se sabe onde estão. Não
temos como pedi-las", disse.
Segundo a reportagem, as gravações provariam que Lopes passava informações privilegiadas,
posteriormente vendidas no mercado por Rubem Novaes.
"Caso elas apareçam, veremos o
que fazer. É complicado utilizar
algo ilegal como prova num processo", disse o procurador.
Para ele, os novos fatos divulgados pela revista "são gravíssimos", mas não há nada que justifique medidas mais graves, como
o pedido de prisão de algum envolvido no suposto esquema.
O Ministério Público também
pedirá a nota fiscal do aluguel de
um jatinho da Líder Táxi Aéreo,
utilizado por Bragança em setembro de 1998, época da crise russa,
numa viagem do Rio para Brasília, onde aconteceria uma reunião
do BC para discutir a taxa de juros. De acordo com a reportagem,
ele teria viajado a pedido de Cacciola, com o aluguel da aeronave
pago pelo Marka.
Para os procuradores, a viagem
desmontaria a versão de que o ex-banqueiro só teria utilizado a ajuda de Luiz Bragança em 1999.
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