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Pactual foi um dos que mais lucraram em 99
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Pactual foi um dos bancos
que mais lucraram na maxidesvalorização do real, em janeiro de
99, conduzida pelo ex-presidente
do Banco Central Francisco Lopes. Dois fundos administrados
pelo Pactual também tiveram desempenho extraordinário na virada do câmbio. Um deles rendeu
725,6% apenas em janeiro.
Naquele mês, ele lucrou R$ 64,9
milhões -rentabilidade anualizada de 290% sobre o patrimônio
líquido (dinheiro aplicado no
banco por acionistas).
O desempenho extraordinário
só foi possível porque o Pactual
operou com agilidade e razoável
grau de acerto na virada cambial.
Os negócios foram fechados em
dois mercados que negociam dólar: o futuro e o à vista.
Só as operações do banco na
BM&F (Bolsa de Mercadorias e
Futuros) renderam R$ 98,2 milhões. O banco investiu no mercado futuro antes da desvalorização,
quando o BC mantinha a cotação
em R$ 1,21. No final do mês, a cotação disparou para R$ 1,98.
Reportagem publicada pela
"Veja" neste final de semana
aponta o Pactual como participante de um suposto esquema
que recebia informações privilegiadas de Francisco Lopes.
Nas operações no mercado futuro de dólar, o Pactual apostou
numa posição inversa à do Banco
Marka, que quebrou em janeiro
de 1999 por acreditar na manutenção da política cambial.
Os dados foram apresentados
pelo deputado Aloizio Mercadante (PT-SP) à CPI dos Bancos, em
99, mas foram ignorados no relatório. Ele estaria entre as 24 instituições que mais lucraram.
Também chama a atenção a
mudança repentina na estratégia
do banco, antes da desvalorização, no mercado à vista de dólar
-no qual se negocia a moeda dos
EUA para entrega imediata.
Em 6 de janeiro, o Pactual tinha
uma posição vendida de US$ 13,8
milhões. Ou seja, no início do mês
a instituição achava bom negócio
manter uma dívida em dólares e,
portanto, apostava na queda da
cotação da moeda dos EUA.
Em 12 de janeiro, véspera da
desvalorização, o banco mudou
radicalmente: ficou "comprado"
em US$ 19,7 milhões, ou seja, assumiu compromisso de compra
em contrato futuro, apostando
numa alta da cotação da moeda.
A rentabilidade de 725,6% do
Fundo de Renda Fixa Capital Estrangeiro do Pactual excede em
muito a própria desvalorização
do dólar, que ficou em 50,32% entre 13 e 29 de janeiro de 1999. Assim, um cliente que, por exemplo,
aplicou R$ 1.000 saiu com R$
8.256 no fim daquele mês.
O fundo Tetra de Capital Estrangeiro teve uma rentabilidade
de 112,5% em janeiro de 1999.
Seus cotistas conseguiram duplicar o capital aplicado.
"É preciso saber quem são os investidores desses fundos", afirma
Mercadante. O principal perdedor nas operações no mercado futuro e à vista foi o BC, que fez vendas maciças de moeda para tentar
manter o regime cambial.
A assessoria de imprensa do
Pactual disse não ter localizado os
dirigentes do banco.
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