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GOVERNO SOB PRESSÃO
Governistas afirmam que a inação, a verborragia e o crescente isolamento do presidente contribuem para agravar a crise política
Reeleição de Lula corre risco, dizem aliados
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
É consensual entre os principais
dirigentes de partidos aliados e do
PT, incluindo ministros importantes, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem errado na
condução da crise política, agravando-a semanalmente.
Alguns caciques petistas também criticam duramente o próprio PT. Dizem que a tradição de
disputas internas do partido
transmite aos aliados e à opinião
pública a imagem de uma legenda
incapaz de se unir em um momento de grave crise política.
O preço, crêem, pode ser a derrota do projeto reeleitoral de Lula
e fracassos em muitos Estados nas
eleições de 2006. A adesão de 19
dos 91 deputados federais do PT à
CPI dos Correios seria evidência
do descompasso entre o partido e
o governo. O PT deveria ser a primeira sigla a cerrar fileiras com
Lula, mas está na origem de muitos dos seus problemas.
Em conversas reservadas com a
Folha, dirigentes aliados e petistas apontaram quais seriam os
quatro maiores erros do presidente. Primeiro, manter no cargo
Aldo Rebelo (Coordenação Política), apesar de já ter acertado com
o próprio. Segundo aliados e petistas, todas as negociações políticas estão ligadas as eleições de
2006 e apenas um petista com
imagem de força, como o ministro José Dirceu (Casa Civil), poderia levar o PT a fazer as tão reclamadas concessões aos aliados.
Lula deveria antecipar as negociações da eleições para ver com
quem realmente pode contar. Faria composições (talvez até ministerial) e recuperaria o controle da
base congressual, ainda que ela
seja menor do que era.
Segundo erro: inação para pôr
fim a disputas internas no PT e a
rebeldias de seu partido no Congresso, deixando que elas contaminem o ambiente nacional.
Lula ficou em cima do muro em
2004 na disputa entre aliados em
torno da emenda constitucional
que permitiria a reeleição dos presidentes da Câmara e do Senado
da época, João Paulo Cunha (PT-SP) e José Sarney (PMDB-AP).
Hoje, Lula acha que, se tivesse sido aprovada, teria aliados mais
confiáveis no Congresso.
Lula também permitiu que o PT
disputasse a presidência da Câmara em fevereiro com dois candidatos. Acabou derrotado por
Severino Cavalcanti (PP-PE).
Agora, assiste a uma disputa fratricida entre três petistas pela candidatura ao governo paulista.
Essas questões políticas trouxeram e trazem danos ao governo,
que desde 2004 só fez ficar mais
fraco no Congresso. Reservadamente, Lula reprova as disputas
no PT, mas não as combate para
valer. Aliados e ministros dizem
que paga o preço da omissão.
O terceiro erro do presidente
Lula seria dar declarações inábeis
e que enfraquecem a sua autoridade. Exemplos: solidarizar-se
com o presidente do PTB, deputado federal Roberto Jefferson (RJ),
político no centro do mais novo
escândalo de corrupção, e dizer a
líderes partidários que colocará
"cargos na mesa" para negociá-los abertamente, aumentando o já
alto apetite de fisiológicos por benesses públicas.
O quarto erro de Lula é o comportamento arredio em relação
aos principais auxiliares. O presidente decide cada vez mais de forma solitária. Isso aumenta o risco
de tomar decisões ruins, afirmam
auxiliares, por deixar de receber
conselhos e informações vitais.
Lula se comporta assim por se incomodar muito com vazamentos
de informação para a imprensa.
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